Durante o seu mandato como pontífice máximo, o papa Pio XI pediu aos seus colaboradores uma análise da situação da família, e lido o documento, quando lhe foi entregue já completo, Sua Santidade ficou estupefato com o que ficou sabendo.
A família estava em desagregação, e isto foi nos anos 30. Daí a encíclica Casti Connubi , em que o Papa fez uma análise completa sobre a importância da família para a paz social não ser uma simples referência da mídia em todo o mundo, mas uma realidade. Daí considerarmos a encíclica do grande papa um documento de primeira grandeza, como análise de uma situação de crise, que tendia a piorar daí por diante.
A Igreja bateu-se como pode, os papas que sucederam a Pio XI não deixaram cair a idéia, mas, contribuíram também, lutaram para salvar a família e sua importância como eixo de sustentação da paz social, desde dentro do lar até fora, nas relações com outras famílias. Os Papas não descansaram e pegaram a tarefa deixada por Pio XI, dando continuidade à campanha em defesa da família. Era uma tarefa difícil, pois o casamento já apresentava, enquanto e como instituição, as fissuras que se alargaram e o estão levando à ruína. Era preciso salvar o casamento, trotano ao seu prestígio antigo, como se dá, ainda, nas famílias bem constituídas.
Não ignoramos que os costumes estão se esfacelando, dando preferência na união dos sexos, amasiamento, em idades de ambos os sexos que já baixou a 15, 16 anos, quando os jovens nem emprego arranjaram para sustentar a família que formam à la diable e têm de sustentar.
A encíclica Casti Connubi é atualíssima, pois os casamentos, como acentuam as duas primeiras palavras que definem a encíclica, defendem o casamento casto, isto é, o verdadeiro casamento, onde não entra a praga que, segundo ficou na história, Freud prometeu entregar aos americanos, quando, com discípulos, foi para os Estados Unidos. Mas é preciso atuar mais do que pede a Casti Connubi , o que pedia o Papa João Paulo II.
Não temos esperança de um retorno a velhos tempos, já passados. Há uma força no mundo com a qual ninguém pode, é o tempo, e este ficou deteriorado pelos venenos do século XX, que se prolongam no século XXI.
É isso, é a mudança de costumes, é a nova mentalidade, são os novos costumes, e a ampla liberdade que conquistaram ou que lhes foi dada aos jovens, que a desfrutam com volúpia.
A família está ainda resistindo, e não poucas com grande sucesso, mas até quando, se a instituição decai, se se desfaz, se rompe as amarras morais que a prendem na sociedade, para o bem de todos que pertencem ao mundo de nossos dias e dos que nos anunciam o futuro.
Enfim, é essa crise que apavora, não tanto nos outros, que já passamos os tempos de crise e o conhecemos, mas os que estão nascendo e serão a demografia de amanhã.
Diário do Comércio (São Paulo) 05/04/2005