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O papa e a santidade

 

Sempre se disse que a Igreja não tem pressa. Para se ter uma idéia dessa expressão, basta o processo de Anchieta, que foi beatificado e não canonizado. Decorreram já quinhentos anos e o apóstolo dos índios, o professor das crianças reunidas no Planalto, já registraram cinco séculos e ninguém é capaz de prognosticar quando Anchieta será santo ou se será canonizado.


É esse o caso de João Paulo II. O povo gritou durante as cerimônias de sua vigília e de seu enterro que era um santo, um santo, repetiam os milhões reunidos em torno da Basílica de São Pedro. Não duvidamos da santidade de João Paulo II, sobretudo por essa adesão popular ao pedido à Santa Sé, que canonize o grande pontífice. Mas, quando aí é que entra a Igreja sem pressa...


A longa espera de canonização não é geral. Vimos que João Paulo II canonizou centenas de santos, evidentemente submetidos a processos mais rápidos nos seus trâmites do que o de Anchieta, mas, de qualquer maneira, houve sempre uma demora, da instituição que não tem pressa, sobretudo por lidar com a eternidade.


Não temos dúvida de que o próximo papa vai cogitar e mesmo levar a santificação oficial de João Paulo II a sério desde logo, principalmente para atender ao grito de milhões de pessoas em torno do grande papa.


Mas nunca se espere que seja rápido o processo. João Paulo II pode e vai fazer milagres, provavelmente já esteja fazendo os milagres que sustentarão o processo de canonização, mas nunca haverá a pressa por que ansiam todos os que admiraram o grande pontífice, um dos maiores da Igreja.


Agora, é esperar o conclave decidir quem será o sucessor de João Paulo II. Diremos que não será fácil um homem de virtudes excepcionais, um comunicador como poucos no mundo, um promotor de união de igrejas, para a paz no mundo e a dignidade da pessoa, numa obra gigantesca, mas, sem dúvida, possível. Enfim, esperemos a decisão da Santa Madre.


 


 


Diário do Comércio (São Paulo) 14/04/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 14/04/2005