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Banditismo em expansão

 

Quem conhece, ainda que superficialmente, as atividades dos pescadores para abastecer o comércio de frutos do mar, sabe que duríssima é a vida desses pescadores. Sobre enfrentarem o perigo do mar, ainda que saibam se defender e nadar bem, os pescadores nem sempre têm sorte colhendo a safra dos frutos do mar, a serem oferecidos no mercado. Todos perdem dias e dias no mar, sem recompensa para os prejuízos sofridos. É duríssima a vida do mar.


Pois ademais das traições do mar, da fúria das ondas, das mudanças bruscas de temperaturas, com chuvas que se substituímos, ainda se juntam a todos esses perigos os bandidos que viram no pouco que levam os pescadores uma forma de ganharem com a venda do que puderem obter desses pobres profissionais. Os jornais anunciam que ondas de bandidos se juntam às ondas do mar para roubar os barcos que vão longe, muito além das duzentas milhas do oceano brasileiro, para roubar, sim, roubar.


O litoral brasileiro está fazendo concorrência aos mares da China, onde abundam os piratas, com mais dose de coragem e maiores possibilidades de lucros, do que os corsários do início dos descobrimentos. Os piratas ingleses, por exemplo, tinham carta patente para assaltar e roubar. Eram protegidos da Casa Real e, com isso, abusavam pondo em naufrágio numerosas embarcações de pescadores que saiam, como hoje, como sempre, pelos mares, para fazerem a sua jornada.


Sabemos que a polícia é impotente para enfrentar essa onda de aventureiros, já por lhes faltar instrumentos de combate, já por não serem suficientemente treinados para fazer face ao mar, com seus mistérios e suas surpresas. O resultado é que os barcos de pesca, que saem pelo mar de manhã cedo para voltar à tarde, são despojados do que têm valor e não encontram a quem dar queixa, mesmo porque é inútil fazê-lo, num Estado despoliciado. Até onde chegamos. É uma Copa mundial do roubo.




Diário do Comércio (São Paulo - SP) 20/07/2004

Diário do Comércio (São Paulo - SP), 20/07/2004