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Bento XVI poder

 

Conheci o cardeal Ratzinger na residência do saudoso cardeal Agnelo Rossi, num almoço que nos ofereceu a mim e minha mulher. O funcionário que preparou a mesa colocou lado a lado o cardeal e minha mulher, e os dois muito conversaram, em francês, sobre variados assuntos, de preferência o Brasil, onde o novo papa esteve há uns dez anos.


Outras vezes em que visitei o cardeal Rossi encontrei-me com o atual papa e conversamos, mas não longamente. Extremamente atencioso, conversava um pouco e depois se escusava por ter o que fazer, como chefe da Congregação da Fé, o antigo Santo Ofício do tempo da Inquisição.


Tive do grande teólogo, que é o novo papa, uma impressão altamente favorável, pois de um lado nos vemos diante de uma autoridade que ninguém ousa contestar, e, de outro, um gentleman , com raízes alemãs profundas na Ordem de São Bento, cuja regra é uma das perfeições da literatura especial da Igreja.


O grande teólogo que é Ratzinger conhece sua influência no mundo e gosta de conversar, sem se aprofundar sobre os problemas suscitados pela teologia, sobretudo no mundo contemporâneo. É o seu forte, e como é inteligentíssimo, saberá conduzir a barca de Pedro sob as tempestades que encapelam os mares da inteligência e dos problemas com habilidade, a que revela com quem conversa.


Pelo pouco que conheço sobre o papa Bento XVI e de teologia, que no meu curso os jesuítas ministraram durante um ano para fortalecer seus alunos no conhecimento da doutrina da Igreja, o papa vai ter grande trabalho para, sem concessões, como querem os superficiais deste mundo, ensinar ou relembrar um transmitir sob a forma de encíclicas as colunas que sustentam essa instituição que é a Santa Madre Igreja, uma das quatro instituições milenares, com a monarquia britânica, a japonesa e a Santa Casa criada pela rainha Dona Leonor de Portugal.


Espero, como católico, muito do papa Bento XVI, pois ele é instrumentado como poucos pelos conhecimentos de que precisa para realizar o seu pontificado. Era, segundo a mídia, o nome preferido por João Paulo II para sucedê-lo. Acertou. O cardeal Ratzinger é Bento XVI e tem o domínio da doutrina oficial da Igreja e de suas tradições no mundo em mudança, no qual nos foi dado viver.


Confiemos no sucessor de outros Bentos e sigamos seus conselhos, que serão todos para o bem comum, e a paz de que precisamos não estará longe de nós.


 


 


Diário do Comércio (São Paulo) 25/04/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 25/04/2005