Se Ibrahim Nobre fosse vivo, provavelmente escreveria outra página, como " Minha terra, minha pobre terra ", mas por outro motivo que o de 1932; pelo colapso da Vasp.
A empresa fundada pelos paulistas no início dos anos 30, com aviões trimotores Fokker, de origem alemã, essa empresa não mais existe. Sem querer imitar Boris Casoy, apresentador do jornal da Record: "Isso é uma vergonha", que tem de ser revertida, para honra de São Paulo.
Não conheço os pormenores da transação das propriedades da Vasp, quando governador Orestes Quércia, para o transportador de Brasília, mas sei, como tout le monde et son pere , como dizia La Fontaine, o que os jornais noticiaram na época da privatização da empresa.
Wagner Canhedo tinha prática de transportes terrestres, primeiro com animais nos varais das carroças e depois com os caminhões que adquiriu com os recursos que foi acumulando.
A queda da Vasp tem, portanto, dois responsáveis. O governador que vendeu a empresa e o comprador que a adquiriu. Que me conste, nenhum deputado até agora quis explicações sobre a derrocada da empresa, de tal maneira que as linhas lhe foram retiradas e inclusive o logotipo da empresa de São Paulo, que já teve épocas gloriosas de prosperidade e preferência de clientes, tal a fama que acerca da empresa de alta qualidade.
Hoje, sem dúvida, responsáveis pelo soçobro da Vasp. Seja porque não deveria ter sido vendida a Canhedo, por falta de segurança financeira, seja porque o governador da época não indagou suficientemente as garantias que ele dava ao negócio.
O governo federal, por suas empresas controladoras do funcionamento da aviação civil, agiu como devia, em nome da segurança do vôo, dos empregados, que são numerosos, e do patrimônio da empresa, reduzido, mas ainda alto.
Não levanto suspeitas de ninguém. Apenas como paulista quero o caso Vasp clarificado e a opinião pública informada de todos os aspectos do negócio, desde a privatização até o colapso da empresa. É querer o necessário, como paulista.
Diário do Comércio (São Paulo) 09/03/2005