O secretário de imprensa da Presidência da República, Fábio Kerche, mandou-me e-mail retificando notas que li na imprensa sobre o colete à prova de balas que Lula teria usado no Fórum de Porto Alegre.
Diz o secretário que já desmentira a existência e o uso do tal colete -parece que a imprensa não tomou conhecimento do desmentido oficial. Folguei com a notícia, o presidente não merece atentados, embora mereça eventuais vaias por aí.
Incorri no engano não apenas porque fui informado erradamente, mas porque vi pela TV o presidente fazendo um discurso, que me pareceu excelente, tirante os excessivos trechos dedicados ao auto-elogio de seu governo.
Reparei que o presidente usava um blusão que o tornava mais rechonchudo do que o habitual, embora seja voz geral, na Aeronáutica, que recebeu o novo avião, e no próprio Ministério da Saúde, que o presidente deve perder alguns quilos para melhor caber na cama voadora colocada à sua disposição. E, de quebra, motivar a população a evitar a obesidade e a ingestão excessiva de calorias.
Com as recentes garotas de Ipanema, que são gordas e tchecas, mais um presidente também gordo, mas nascido em Garanhuns, podemos dar a impressão ao resto do mundo de que somos um país de obesos, não se justificando as estatísticas oficiais que nos dão como um povo com carência de proteínas, de vitaminas e de sais minerais.
E como poderemos vender ao mundo o Fome Zero com um presidente rotundo e garotas de Ipanema mais gordas que as banhistas de Renoir?
A propósito do avião, acredito que os fabricantes pensavam que o presidente do Brasil fosse o Marco Maciel. Longe de mim insinuar que Lula fique tão esbelto assim. Tal como está, mesmo para aqueles que não gostam de seu governo, ele faz o tipo do brasileiro comum, gente nossa que podemos louvar ou esculhambar e tudo fica na mesma.
Folha de São Paulo (São Paulo) 02/02/2005