Passando os olhos pelas estantes da minha biblioteca, fixei-me por alguns segundos nos 40 volumes escritos e subscritos pelo grafômano revolucionário Lênin e me veio a lembrança que o populismo é a doença inflável da democracia. Ao contrário do que diziam Aristóteles e Santo Tomás, para quem a doença da democracia era a demagogia.
O populismo foi introduzido na política brasileira pelo advento tumultuoso nas hostes partidárias de Adhemar de Barros e Jânio Quadros, dois líderes populistas, sem dúvida nenhuma, com bastante ascendência deformadora das correntes partidárias que guiavam.
Analisei em um dos exemplares da história da municipalidade de São Paulo o populismo como um veneno destilado sutilmente, e depois caudalosamente, nos espíritos das massas que acampavam nos comícios desses dois líderes políticos.
Adhemar de Barros descendente de ilustres paulistas, esqueceu a sua genealogia e partiu para a exploração do povo mal informado, ganhando com isso uma notoriedade que o catapultou para as alturas do prestígio amplamente reconhecido. Jânio Quadros, mais cultivado, melhor orador, embora menos pitoresco, literalmente hipnotizava a massa que o ouvia e o aplaudia.
Foram esses dois políticos que criaram o populismo, hoje revigorado por Lula e seus correligionários. Lula é também um líder político populista, pois a sua eleição se deu por um típico movimento de ascendência populista.
Diário do Comércio (São Paulo) 3/1/2006