O presidente recém-eleito na Bolívia, Evo Morales, já visitou Fidel Castro, em primeiro lugar, e depois visitou o presidente Lula. Homem de esquerda, mas de uma esquerda que, pela pressão dos novos tempos, está sendo reciclada, elogiou a economia liberal nas declarações à imprensa em São Paulo, sem, no entanto, explorar a eficácia ou não dos clichês, como se fazia alguns anos passados.
O que de interessante ficou da visita do presidente Morales ao presidente Lula foi o convite feito ao brasileiro para uma parceria da Petrobrás com a estatal boliviana, para a exploração do petróleo no altiplano andino. Já tivemos negociações com a Bolívia e temos negócios com os vizinhos, mas houve interrupções no cumprimento de contratos, sem, no entanto, quebra do interesse de ambos os lados por uma parceria que os habilite a se imporem mais do que se impõem como produtores de petróleo.
A referência que fizemos aos novos tempos deve ser tomada como uma etapa já vencida, no curso da história, por países que passaram por várias fases ideológicas e que estão, hoje, liberados de alguns tótens que os embalavam. Essa trajetória era fanática e incompatível com os reclamos por um desenvolvimento liberto de malhas ajustadas, num mundo que se expande cada vez mais na plena liberdade econômica.
Vemos com otimismo a atitude do presidente Morales e sua proveitosa visita ao colega brasileiro, igualmente de esquerda, para promover a parceria internacional que nos libertará dos suprimentos estrangeiros de petróleo - mesmo que sejam conservados para a eventualidade de mudanças bruscas nos fornecimentos do bruto -, em um mundo eletrizado por várias paixões, ainda que postos a caminho de uma democratização e liberdade econômica para maior bem-estar das massas desfavorecidas, que caracterizam grande parte do globo.
Diário do Comércio (São Paulo) 18/1/2006