Os colaboradores diretos do presidente Lula deveriam convocar ao Palácio seis conhecedores da singularidade da burocracia, das praxes burocráticas, dos trâmites de tempo com datas marcadas, dos orçamentos e das liberações orçamentárias, das verbas e suas origens e seu destino, em suma, toda complexidade da máquina burocrática. Seriam eles, esses assessores especiais, que dariam ao presidente noções seguras do que é administração pública e, em especial, do crime administrativo que poderá levar o titular do poder a um impeachment .
O que está se passando na administração federal é um açodamento para o início das obras públicas. Vão exigir uma mobilização total de recursos e de empresas para pôr em estado de uso as rodovias até agora deterioradas e danificadoras. Como o Brasil deu preferência ao caminhão ao invés do trem, ficou sujeito ao leito carroçável, o que não aconteceria no transporte ferroviário.
O poder público construiu as rodovias, constrói e continuará construindo, mas só construir não basta, é preciso manter uma conservação permanente tão onerosa quanto a própria construção. É o que está se vendo há alguns anos no Brasil, pois faltou previsão de custo da conservação e do que o estado das rodovias acarreta em prejuízo para as transportadoras e para a economia geral do País.
Não adianta agora expor que o transporte ferroviário seria melhor, mais barato e mais seguro do que o rodoviário, sobretudo tendo o País ainda uma excelente malha ferroviária, dependendo apenas de renovação por grupos financeiros que por ela tivessem interesse. Efetivamente o caminhão é o dono da estrada, mas depende ele de um leito reparado permanentemente, em condições de transporte rentável.
Em suma, informe-se o presidente.
Diário do Comércio (São Paulo) 26/1/2006