Quem não o leu deve lê-lo, sim, o artigo do Professor Miguel Reale sobre o livro e a internet. O ilustre filósofo e jurista fez uma sábia reflexão sobre a perpétua do livro e o domínio já insinuado pela cultura e pelo extraordinário que é a internet. Que me conste, é uma primeira análise objetiva e erudita sobre a influência que tem o livro e a internet, cada qual em seu âmbito, para a instituição da cultura como forma de relação social e de projeção internacional.
Estou plenamente de acordo com o Professor Miguel Reale quanto à duração do livro, pois não vejo a cultura sem o livro, nem mesmo com a expansão cada vez maior da internet, que não vai além de sumários, mais do que teses que só o livro veicula e se estabelece nas interagências, conquistando-as em definitivo.
Todas as revoluções do mundo, sem exceção, foram obras de livros. Não preciso citar os abalos sofridos pelos povos e as idéias que se expandiram em livros para mudar a face da Terra, como mudaram. A produção de livros é cada vez maior no mundo e mesmo no Brasil as bienais de livros têm demonstrado que a internet não abalou o hábito de leitura. O trabalho do Professor Miguel Reale deve ser ampliado para que suscite, quando dado à público, debates em torno desta dúbia questão, o livro e a internet.
Sabemos que a internet satisfaz as novas gerações com as súmulas que divulga, mas também sabemos que nas novas gerações os mais interessados em saber vão aos livros para completarem o que da internet lhes veio insuficientemente.
Sejamos, portanto, defensores dos livros pela sua singular importância na defesa das culturas e das civilizações, enquanto a internet pode dar a sua contribuição a esta instituição humana no interesse do bem comum, da paz e da confraternização dos povos.
Diário do Comércio (São Paulo) 3/2/2006
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