Na barafunda em que se abismou a política brasileira, o caso Nelson Jobim não deixa de ser menor
Ao final de contas, nesta barafunda em que se abismou a política brasileira, em meio a tantos escândalos que envolveram um número grande de pessoas, o caso Nelson Jobim, embora focalizado por organizações de alta idoneidade, não deixa de ser menor.
Pela reportagem de O Globo , é provável que o ministro, prestes a deixar o Supremo Tribunal Federal (STF), se decidiu levar a sério as interpelações que lhe foram assacadas e não terá dificuldade em respondê-las. Se considerarmos que o perfil do juiz deve se enquadrar mais ou menos no Se de Rudyard Kipling, o ministro Nelson Jobim sai diminuído, principalmente por não ter, segundo os seus interpeladores, defendido a candidez da Justiça, pois teria se submetido a seduções dessa megera que se chama política, com a qual quer parecer que vai se unir.
Acompanhei as críticas ao ministro Jobim e as referências de sua volta à política partidária, da qual, segundo se diz em rodas em que o conhecem, nunca se separou, que é mesmo a sua paixão.
Pelo que se noticia, inclusive neste jornal, a ambição do ministro é alcançar a Presidência da República. Os gaúchos deram vários presidentes, mas pelo voto direto somente Getúlio Vargas e João Goulart. O ministro Jobim gostaria, pelo que se sabe, de disputar o alto posto do governo com o adepto do sufrágio direto, secreto e universal.
Reconheço que é uma ambição legítima a sua, e por isso vai ele deixar a magistratura para se engolfar no torvelinho da política partidária, na qual, espera evidentemente, encerrar a sua carreira pública. No meu entender, o caso é esse e não deverá trazer perturbações ao ministro nele implicado.
Diário do Comércio (São Paulo) 6/2/2006