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A crise no Irã

 

Quando tratado o problema da energia nuclear, tive oportunidade de uma vez escrever que essa energia, de infinitas possibilidades de emprego para a paz, no entanto poderia ser usada para a guerra de maneira amedrontadora. Evidentemente, a energia nuclear não ficaria nunca restrita aos Estados Unidos, à antiga União Soviética e mais tarde por alguns outros países.


Segundo li em uma revista científica francesa, seria fácil fabricar um engenho atômico, pois esse segredo já estava ao alcance de numerosos cientistas e técnicos em armamentos. A antevisão catastrófica nos anunciaria, portanto, que o mundo a partir da primeira bomba atômica iria estar na iminência de atentados de alta capacidade destruidora, contra a qual não haveria defesa senão pela obediência dos portadores dessa energia aos direitos humanos.


Várias nações são donas do engenho atômico, daí o interesse que está despertando a atitude do Irã, que não parece querer ceder às consignações humanitárias a que devem obedecer todos os Estados que possuem essa energia em forma de artefatos militares. Na realidade falamos em energia atômica e no perigo que ela nos desvenda, daí o interesse dos Estados por acordos que garantam que essa energia não seja usada para fins bélicos.


O Irã derrubou um trono pacífico e em seu lugar levantou uma república religiosa que não se mostrou pacífica; teve mesmo guerra longa com o Iraque, rompeu com os Estados Unidos, encarcerou diplomatas e agora, sobre a energia atômica, está fazendo bulha grossa em torno de sua capacidade bélica, que não deve ser grande.


A diplomacia das grandes potências atômicas deve estar aparelhada para tentar convencer as autoridades do Irã de que o único fim a que se deve dar emprego à energia nuclear é o pacífico. Concluindo, direi que é preciso chamar à razão o Irã dos aiatolás.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 7/2/2006