A crise no Oriente Médio está se avolumando e irrompeu depois que o Líbano tombou na ingovernabilidade, desestabilizando sem que seus líderes políticos conseguissem reencontrar o equilíbrio no qual conviverão durante longo período histórico muçulmanos e cristãos.
O único país cristão do Oriente Médio, o Líbano, dava exemplo de sua fidelidade à Santa Madre Igreja. Do mesmo passo, os muçulmanos eram fiéis à Alá e ao profeta praticando a sua confissão religiosa de maneira exemplar. Parece incrível, mas esse mundo de sabedoria política e paz civil desmoronou ao impacto de forças estrangeiras que atuaram no gracioso e belo país dos cedros. Foi uma pena que isso acontecesse, porque o Líbano tinha Beirute como uma praça financeira de primeira grandeza, onde transacionavam os homens do petróleo, os armadores gregos, os egípcios e os turcos. Tudo isso rolou e sem a presença do Líbano o Oriente Médio também despencou para uma crise na qual não se encontra um ponto de referência que anime a idéia de paz. Tudo faz crer que a situação vai piorar e que a paixão do Líbano não será minorada.
Se do Líbano passarmos para Israel, vemos que a Terra Santa está em perigo, num mundo em que os ódios nacionais são extremos e que não se procura encontrar um denominador comum para a paz. Sharon fez o que podia e acabou se sacrificando. Ou muito me engano como observador, ou o Oriente Médio vai continuar como um fervedouro, sem perspectiva de aquietar.
O que vemos, infelizmente, é o mundo belicoso em que estamos vivendo. O diabólico mal do totalitarismo continua a intoxicar as relações naquela parte do globo, onde o fundamentalismo religioso, os interesses econômicos e financeiros, a luta pela paz, tudo parece utópico e, portanto, inalcançável.
O fervedouro do Oriente Médio vai continuar em alta temperatura, pois até mesmo a força apaziguadora da ONU já não é respeitada. Perto disso, os EUA ameaçam o Irã com ação militar. É o espectro de uma terceira guerra mundial.
Diário do Comércio (São Paulo) 9/2/2006