Presumo que as mudanças a serem operadas vão exigir elevada participação de capital e as empresas deverão se adaptar ao novo modelo. Não há dúvida de que nós defendemos a livre iniciativa na televisão digital, mas já estão surgindo vozes na Europa que defendem a estatização. O argumento usado pelos estatolátras, comprovadamente ineficientes, é que só o Estado tem capacidade financeira para açambarcar a televisão digital.
Tenho para mim - atualmente apenas um observador de televisão - que hoje em dia ela já está muito desenvolvida, devendo, portanto, esperar-se novos veículos dessa extraordinária invenção, surgida nas primeiras décadas do século XX. Empolgo-me com esse meio de comunicação por ter participado como diretor dos Diários Associados do nascimento da televisão brasileira e mais tarde, com o banqueiro Mário Wallace Simonsen, do lançamento da TV Excelsior, com grande êxito de audiência desde o primeiro dia.
O que me preocupa, portanto, é que a livre iniciativa deixe de participar da nova era. Ela alcançou grandes resultados nas televisões abertas e a cabo. Depois dos EUA, podemos considerar o Brasil como país de vanguarda na exploração da transmissão da imagem à distância e vários de seus programas são exportados com sucesso para dezenas de países.
Esperemos que a televisão digital nos introduza na nova era da transmissão da imagem. E o meu voto de apreço à inteligência humana, que realiza mais esse milagre da tecnologia.
Diário do Comércio (São Paulo) 14/2/2006