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O bródio e a cúpula

 

A foto foi publicada em todos os jornais. Num restaurante paulista, mesa em fim de jantar, quatro sobas simpáticos, gente de bem em todos os sentidos, armavam a estratégia para escolher o próximo candidato do PSDB à presidência da República. Os nomes são sabidos e os rostos conhecidos: FHC, Serra, Aécio e Tasso.


Tirante FHC, que já teve o seu quinhão e não deu para o gasto, os demais são promessas, eu gostaria de poder votar em qualquer um dos três, se realmente praticasse o direito de voto, que abdiquei faz tempo. Acho que estaríamos bem servidos com Serra, Aécio ou Tasso, nem por isso irei votar neles entre outras razões porque não votarei em ninguém. Mas que são bons, são.


O que não me parece boa é a reunião dos quatro para decidir pelo partido, um dos que podem, com alianças espúrias ou não, chegar lá. Por essas e outras não faço fé na chamada democracia representativa. Ela é exercida de cima para baixo e não de baixo para cima. O poder não emana do povo como reza a Constituição e os bons costumes políticos mas de um jantar como o da semana passada, em que os hierarcas (bons ou maus não importa) decidem quem será candidato.


Tudo será feito de acordo com o que eles decidirem, ouvidas mais duas ou três cabeças coroadas do PSDB. E em linhas gerais, dos grandes aos pequenos partidos, a liturgia será a mesma.Um jantar reunindo quatro cidadãos que decidirão quem vai receber milhões de votos dos demais cidadãos.


Não é minha aquela frase segundo a qual a democracia é a pior forma de governo, tirando as demais. A criatividade humana que botou um termômetro dentro do peito do peru para saber quando ele está assado no forno, não conseguiu criar melhor forma de gerir uma nação e um povo.


Gostaria de votar num vizinho aqui da Lagoa que me parece ideal para governar um país como o Brasil. Como poderei votar nele se nem título eleitoral teve o trabalho de providenciar?


 


Folha de São Paulo (São Paulo) 25/2/2006