A Acadêmica e escritora Rosiska Darcy de Oliveira fez a quarta palestra do ciclo "O problema da interpretação" – Incertezas na educação –, sob coordenação do Acadêmico Domício Proença Filho, Secretário-Geral da Academia Brasileira de Letras. A conferência aconteceu no dia 23 de setembro, às 17h30min, no Teatro R. Magalhães Jr., Avenida Presidente Wilson 203, Castelo, Rio de Janeiro. A entrada foi franca.
O Acadêmico Antonio Carlos Secchin é o coordenador geral dos ciclos de conferência de 2014.
"O problema da interpretação" terá mais uma palestra, na terça-feira, dia 30 de setembro, também às 17h30min. O tema será A interpretação literária, com o Acadêmico Eduardo Portella.
Serão fornecidos certificados de frequência.
Os ciclos de conferências, com patrocínio da Petrobras, são transmitidos ao vivo pelo portal da ABL.
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Sexta ocupante da Cadeira 10 da Academia Brasileira de Letras, eleita em 11 de abril de 2013 e recebida em 14 de junho de 2013 pelo Acadêmico Eduardo Portella, na sucessão do Acadêmico Lêdo Ivo, Rosiska Darcy de Oliveira é escritora e ensaísta. Sua obra literária exprime uma trajetória de vida. Nascida no Rio de Janeiro, na casa onde vive até hoje na floresta da Tijuca, estudou no Instituto de Educação e se formou em Direito pela PUC. Nos anos 60, na revista Senhor, Jornal do Brasil, Visão e TV Globo e O Sol se tornou a jornalista que mais tarde escreveria no Globo e no Estado de S. Paulo.
Em 1970, no auge da ditadura militar, denunciou a tortura contra opositores políticos e foi obrigada a se exilar em Genebra, na Suíça. Despossuída da língua materna, o exílio a desafiou a construir uma nova identidade. Direitos humanos e a causa das mulheres foram seus temas inspiradores. Participou ativamente do emergente movimento de libertação das mulheres que sacudiu o Ocidente. Professora da Universidade de Genebra, seus primeiros livros, escritos e publicados em francês - Le Féminin Ambigu e La Culture des Femmes: tradition e innovation - valorizam as mulheres e a cultura feminina como fator de enriquecimento das relações humanas.
Retornou ao Brasil com o restabelecimento da democracia. No reencontro com as raízes e a língua portuguesa, sua carreira de escritora se afirmou em mais dois livros de ensaios e cinco livros de crônicas e contos. Em 1991 publicou Elogio da Diferença (Brasiliense, 1991), traduzido para o inglês, In Praise of Difference (Rutgers, 1998), e reeditado, com nova introdução, em 2012. Neste clássico da literatura sobre o feminino, redefiniu a igualdade entre homens e mulheres como a afirmação das diferenças e a recusa de hierarquias.
Em 1995, foi nomeada, pelo Presidente da República, Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. No mesmo ano, chefiou a delegação brasileira à Conferência Mundial da Mulher em Beijing, marco histórico na promoção dos direitos das mulheres na escala global. Foi embaixadora do Brasil na Comissão de Mulheres da OEA e é membro do painel Mundial sobre Democracia da Unesco.
Seu livro Reengenharia do Tempo (Rocco, 2003), segundo grande momento em sua escrita ensaística, questiona os usos do tempo, essa aflição constante no mundo contemporâneo em defesa da sobrevivência da vida privada. Memórias e ideias, experiências e projetos se combinam numa sequência de livros que reinventam a crônica, inaugurando o que a crítica literária chamou de crônica ensaística: A Dama e o Unicórnio (2000), Outono de Ouro e Sangue (2002), A Natureza do Escorpião (2006), Chão de Terra (2010) e Baile de Máscaras (2014).
Um fio condutor perpassa sua vida e obra: o elogio da liberdade, a defesa dos direitos humanos, a valorização da cultura feminina como contribuição à civilização, a atenção aos desafios das cidades e das novas tecnologias. Como contribuição à cidade em que vive, preside desde 2007 o movimento Rio Como Vamos de promoção da participação e responsabilidade cidadã.
23/9/2014
18/09/2014 - Atualizada em 17/09/2014