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ABL na mídia - O Globo - Imortais do samba: Rio ganha academia que vai oferecer cursos, palestras e eventos, além de preservar a memória do carnaval

 

Na letra de “Testamento de partideiro”, o compositor Candeia diz que “o sambista não precisa ser membro da academia/ao ser natural na sua poesia o povo lhe faz imortal”. Mas isso vai mudar, agora que o bamba ganhou uma casa para chamar de sua. Nela, os imortais da batucada são identificados como “notórios eternos” e também terão assentos vitalícios, como na Academia Brasileira de Letras (ABL).

As semelhanças param por aí. Enquanto na ABL são 40 os membros, na recém-criada Academia Brasileira de Artes Carnavalescas o número de integrantes lembra o de uma ala de escola de samba: a intenção é chegar a 200, com representantes de toda a engrenagem da folia do Rio e de outros estados. Os participantes formarão uma espécie de conselho, composto por carnavalescos, intérpretes e compositores, além de costureiras e aderecistas, passando por passistas, escultores, ritmistas, mestre-sala e porta-bandeira. Ou seja: todos os artistas e profissionais que fazem a maior festa popular do país. Os 100 primeiros nomes serão empossados na abertura da instituição, programada para a última semana de setembro.

— São pessoas que dominam algum tipo de saber. A gente quer documentar esse conhecimento, através de entrevistas, vídeos e gravações, para que seja eternizado — afirma o presidente da academia, Milton Cunha, que durante anos atuou como carnavalesco e atualmente é comentarista de carnaval.

Acadêmicos escolhidos

Entre os acadêmicos já estão confirmados a cantora Teresa Cristina, os carnavalescos Paulo Barros (Vila Isabel) e Leandro Vieira (Imperatriz Leopoldinense), o mestre de bateria da Viradouro, Mestre Ciça, a rainha de bateria da Mangueira, Evelyn Bastos, os compositores Tiãozinho da Mocidade e Marquinhos de Oswaldo Cruz, os historiadores Luiz Antonio Simas e Helena Theodoro, a passista Nilce Fran e o jornalista, escritor, comentarista da TV Globo e jurado do Estandarte de Ouro Leonardo Bruno, entre outros. Célia Domingues , diretora de eventos da Mangueira, é a vice-presidente e a carnavalesca Rosa Magalhães, a presidente de honra (in memoriam) — ela morreu em julho.

A nova academia quer discutir a folia, formar e aperfeiçoar mão de obra, através de cursos, workshops e oficinas, além de funcionar como centro de memória. O térreo de um prédio da Travessa do Ouvidor, onde por 40 anos funcionou um restaurante, recebeu investimentos de cerca de R$ 250 mil e passou por obras para abrigar a instituição, um dos projetos relacionados direta ou indiretamente ao samba e ao carnaval incluídos no programa “Reviver Centro Cultural”, da prefeitura, concebido para revitalizar a região.

— A gente tem recepção, salão para aulas práticas de samba no pé, mestre-sala e porta-bandeira, batuque, mestre de bateria, coreografia de ala e outros. Outro espaço é para cursos de costureira, modelista, decorador, chapelaria e toda essa parte mais prática. A gente vai bombar aquele lugar ali — prevê Milton Cunha.

Célia Domingues destaca a importância da formação e do aperfeiçoamento profissional.

—A ideia é a gente ter na academia um espaço para que todas as artes carnavalescas estejam ali se aprimorando, para sempre entregar o melhor — observa ela.

Na opinião da escritora e pesquisadora Rachel Valença, também entre os novos acadêmicos, a iniciativa é importante por privilegiar a memória.

— Deveria ser uma preocupação do setor público. Mas, já que não existe, essa iniciativa está tentando compensar isso — diz.

Reviver centro no samba

Pelo menos outras sete iniciativas dentro do “Reviver Centro Cultural” prestigiam o samba e o carnaval, de alguma forma. Uma delas é a Casa Carnaval, também prevista para abrir em setembro, num casarão de quatro andares na Rua do Mercado.

— Queremos uma casa democrática aberta ao público e falando do carnaval do Brasil e do mundo — afirma Bruno Tenório, um dos curadores do local, que vai oferecer cursos e terá espaços para exposições e palestras.

O pandeiro, um dos instrumentos mais associados ao samba e ao carnaval, também vai ter endereço próprio, na Travessa do Ouvidor.

— Não existe samba sem pandeiro. Ele resume a percussão — define Clarice Magalhães, idealizadora da Casa do Pandeiro, que pretende preservar, divulgar e documentar a história do instrumento.

Matéria na íntegra: https://oglobo.globo.com/rio/carnaval/noticia/2024/08/31/imortais-do-samba-rio-ganha-academia-que-vai-oferecer-cursos-palestras-e-eventos-alem-de-preservar-a-memoria-do-carnaval.ghtml

02/09/2024