Silvio Santos era um cara muito, enormemente simpático. Ninguém queria que ele morresse assim, meio separado do mundo, como se não tivesse nada a ver com isso.
Todos nós gostaríamos muito que ainda estivesse vivo, ensinando a todos como transformar o que se passa em volta com sorrisos e gargalhadas, como se a vida não fosse senão essa penca de coisas que podem ser tratadas como piada e bom humor permanente.
Silvio Santos era um ensinamento, um cara inesquecível, um homem que nos ajudava a viver, um mestre indispensável em nossas vidas.
Bastava vermos um trecho de um de seus programas na televisão para compreendermos o que significava para nós, o que representava em nossas vidas — quem era Silvio Santos, porque gostávamos tanto dele, porque Silvio Santos vinha sempre aí.
Sobretudo como o oposto do que essa mesma televisão vivia dizendo para nós, em suas outras manifestações: o mundo é uma tragédia inventada por nós mesmos. Somos os culpados e não tem mais solução alguma.
O mundo ficou pequeno, tudo ficou muito perto de nós. Não há, neste momento, espetáculo mais eletrizante sobre a Terra do que as eleições americanas, capazes de mobilizar desde o mais anônimo cidadão local até o mais grave e decisivo cidadão do mundo.
Não somos responsáveis pelo que andou acontecendo, mas o fenômeno inegável é que hoje os Estados Unidos da América representam para nós o que existe de mais importante diante do resto do planeta. Seus líderes, no fundo, são nossos líderes, aqueles que nos dizem o que fazer e que nos permitem qualquer ação sobre aquilo com que sonhamos.
Kamala Harris é o que de melhor poderia ter acontecido ao Partido Democrata, depois do que já acontecera a Joe Biden, depois de sua consagração como herói, um homem correto e digno, político merecedor do respeito da nação. De todas as nações.
É como se lhe dissessem que, apesar de tudo, ainda lhe amam e lhe respeitam. Que o que aconteceu entre eles não tem mais a menor importância. E é essa a verdade que vai ficar para sempre.
Mentira não é ferramenta de governo, grosseria não pode ser virtude social. Nenhum país se recupera de uma hora para outra dessas mazelas (sociais?)
Mas embora tenha tido razão, a reação repentina, agressiva e violenta de Silvio Santos ou qualquer outra pessoa aderindo a esse tipo de comportamento, será sempre crítica e não sei se prejudicial à batalha que se inicia. Ou segue em frente.
Afinal de contas, já tivemos outros heróis, como Chacrinha ou Jô Soares, que se comportaram de modo diferente e nem por isso fracassaram no que pretendiam nos dizer.
E, graças a Deus, nos deixaram exemplos úteis, tão necessários quanto esse de Silvio Santos. Somos um povo de sorte.