Com uma trajetória mais do que centenária, a Academia Brasileira de Letras (ABL) se recusa a estacionar no tempo. Em 2023, entre outras iniciativas para democratizar seu acesso, elegeu seu primeiro representante indígena — o escritor e filósofo Ailton Krenak, vencedor do Prêmio Faz Diferença no ano anterior. Mantendo-se antenada aos anseios da sociedade e às inovações tecnológicas, a ABL também lançou recentemente uma versão digital de Machado de Assis, construída com inteligência artificial, para interagir com leitores de todas as idades.
Renovando cada vez mais sua própria alma, como destacou a colunista do GLOBO Míriam Leitão, a ABL foi premiada nesta quarta-feira (19) com o Faz Diferença 2023, na categoria Livros. O prêmio foi entregue pelo editor de Opinião do GLOBO, Hélio Gurovitz, e pelo editor-executivo André Miranda, em cerimônia realizada na Casa Firjan, no Rio.
— Como a principal instituição cultural brasileira, a ABL tem a responsabilidade de estar atenta a seu tempo e caminhar junto com a sociedade na evolução cultural do país — afirmou o presidente da ABL e colunista do GLOBO, Merval Pereira, ao receber o prêmio em nome da instituição: — Definida à época de sua criação como "torre de marfim", o que se exigia à época de instituições como esta, há muito a ABL saiu desta torre de marfim para refletir melhor em sua composição a sociedade brasileira, tanto em questões de gênero e raça, quanto em representatividade regional.
Nos últimos anos, buscando se abrir cada vez mais à sociedade, a ABL promoveu diversos eventos, visitas e palestras em sua sede, no Centro do Rio. Digitalizou o seu acervo, intensificando a disponibilização de documentos. Também se notabilizou pela defesa da ciência, da liberdade e dos valores democráticos.
As iniciativas renovaram sua imagem e a comunicação com o público. Em 2023, após um intervalo de 26 anos, a instituição voltou a ter um estande na Bienal do Livro do Rio, o evento preferido dos jovens leitores.
Renovação
A ABL sempre recebeu em seu quadro as mais diversas tendências e saberes, do clássico à vanguarda, da medicina à religião, passando pela economia, o jornalismo e a linguística. Nos últimos anos, por exemplo, a lista de imortais da academia passou a contar com a atriz Fernanda Montenegro e o cantor Gilberto Gil, além do próprio Krenak em 2023.
Outra iniciativa importante da instituição, reformulada recentemente e agora publicada todo trimestre, a “Revista Brasileira” transita entre os cânones do passado e do futuro, abordando temas como os 200 anos de Independência e o avanço da inteligência artificial (IA).
Neste ano, o Petit Trianon, sede da ABL, passou a abrigar uma versão virtual de Machado de Assis, que responde perguntas e interage com o público com o uso de IA.
Não à toa, o colunista do GLOBO Ancelmo Gois destacou, na cerimônia de entrega do Faz Diferença, que a "sempre jovem ABL", inaugurada em 1897 com discurso do próprio Machado de Assis, é merecedora de todas as homenagens -- tanto as do passado, quanto as do presente.
O Prêmio Faz Diferença é uma realização do jornal O GLOBO, com patrocínio da Firjan SESI e apoio da Naturgy.
Matéria na íntegra: https://oglobo.globo.com/premio-faz-diferenca/noticia/2024/06/19/abl-recebe-o-premio-faz-diferenca-2023-responsabilidade-de-caminhar-junto-com-a-sociedade.ghtml
20/06/2024