A posse do pensador indígena Ailton Krenak na Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta sexta-feira (5) foi concorrida — e diversa. Compareceram ao Petit Trianon autoridades como a ministra da Cultura Margareth Menezes, o ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, a presidente da Funai Joênia Wapichana e... Alok! O DJ e produtor musical é um aguerrido defensor das lutas dos povos originários e admirador confesso de Krenak, o primeiro indígena a ingressar na Casa de Machado de Assis.
Organizadora dos livros de Krenak, a escritora Rita Carelli disse ao GLOBO que Alok se aproximou do pensador indígena depois da publicação do best-seller “Ideias para adiar o fim do mundo” (Companhia das Letras), que mostra com o pensamento dos povos originários pode ajudar a humanidade a enfrentar os desafios que colocam em risco a vida no planeta. Carelli conta que foi Naka, filho de Krenak, quem explicou ao pai quem era Alok. Naka é fã do DJ.
— Ailton se abriu para o diálogo e Alok começou a se aconselhar com ele. Alok desenvolveu um desejo de se aproximar da causa dos povos originários, de apoiar financeiramente iniciativas e de dar visibilidade a figuras indígenas nas redes sociais — diz Carelli, que é autora do romance “Terra preta”, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura. — Ailton deu um norte para Alok trafegar com mais segurança nesse universo.
O próximo álbum de Alok, que será lançado em 19 de abril, Dia dos Povos Originários, tem o mesmo título do último livro de Krenak: “O futuro é ancestral”. O disco é fruto de mais de 500 horas de gravações de artistas indígenas de oito etnias com o DJ. “O futuro é ancestral” também é o nome de um programa do Instituto Alok que visa valorizar as culturas e apoiar as lutas indígenas.
No ano passado, Alok recebeu um prêmio no Festival de Cannes, na França, por sua atuação em defesa dos povos originários. “Quero compartilhar este prêmio com a comunidade indígena brasileira que há séculos vem lutando pela valorização de sua identidade e pelo seu direito de viver. No Brasil, o que é ensinado nas escolas até hoje é uma visão colonizadora que omite a importância da cultura, do conhecimento e da sabedoria de um povo que há milhares de anos vive respeitando, celebrando e preservando a natureza”, disse o músico na ocasião.
Em setembro, ao lado de artistas indígenas, ele se apresentou na Climate Week, evento realizado em Nova York durante a 77ª Assembleia Geral da ONU para promover a defesa do meio ambiente e a cultura dos povos originários do Brasil.
Matéria na íntegra: https://oglobo.globo.com/cultura/livros/noticia/2024/04/06/alok-na-posse-de-ailton-krenak-na-abl-qual-a-ligacao-do-dj-com-o-pensador-indigena.ghtml
07/04/2024