Os historiadores da música brasileira nem discutem. Para eles, os maiores sambistas da primeira metade do século 20 foram, em qualquer ordem, Sinhô, Ary Barroso, Noel Rosa, Ismael Silva, Assis Valente, Herivelto Martins, Geraldo Pereira, Ataulpho Alves, Dorival Caymmi, Nelson Cavaquinho e Cartola. E, num honroso 2º time, Wilson Baptista. Todos eles, craques em letra e música, com um mundo revelador e muitos, muitos sambas definitivos na carreira. Não entram nessa conta os autores, mesmo grandes, de apenas dois ou três sucessos.
Por todos esses critérios, a justiça clama pela inclusão do campista (de Campos dos Goytacazes), carioca da Lapa e gigante Wilson Baptista (1913-68) entre os cinco primeiros ---sejam quais forem os outros quatro. Wilson produziu uma montanha de sambas que ficaram, e que nem sempre associamos ao seu nome. Uma lista resumida desses títulos, com ou sem parceiros, incluiria:
"Meu Mundo É Hoje (Eu Sou Assim)", "Oh, Seu Oscar!", "Emília", "Volta Pra Casa, Emília", "O Pedreiro Waldemar", "Louco (Ela é Seu Mundo)", "Acertei no Milhar", "O Bonde de São Januário", "A Mulher Que Eu Gosto", "Nega Luzia", "Não é Economia (Alô, Padeiro)", "Mulato Calado", "Mãe Solteira", "Chico Brito", "Lenço no Pescoço", "Mocinho da Vila", "Conversa Fiada", "Mundo de Zinco", "Esta Noite Eu Tive um Sonho", "Preconceito" e muitos mais, fora as valsas e as marchas-rancho e as de Carnaval, uma delas, "Balzaquiana".
Não acredite em mim. Vá à nuvem, estão todos lá. Baixe qualquer um e com qualquer cantor. Mas, se quiser minha opinião, vá direto aos dois CDs duplos sobre Wilson produzidos por Rodrigo Alzuguir, "O Samba Carioca de Wilson Baptista", de 2011, e o recém-lançado "Wilson Baptista - Eu Sou Assim", cantados por ele e pelos grandes nomes de hoje.
Wilson morreu esquecido. Nota zero para nós, que agora, graças a Alzuguir, temos a chance de redescobri-lo.