Quem caminha pela ruazinha de pouco mais de 200 metros de extensão, em meio às lojas e restaurantes descolados da Vila Madalena, não imagina que ali um insuspeito apartamento guarda livros raríssimos de até quatro séculos atrás. No imóvel onde moram o casal de bibliófilos (nome dado aos colecionadores desses tesouros) Romulo Pinheiro, 50, e Patrícia Peck, 48, fica uma das maiores bibliotecas particulares do Brasil, com cerca de 22 000 obras — metade do que tinha o empresário e escritor José Mindlin (1914-2010), que era considerado o maior do ramo no país.
O acervo escondido na travessa da Zona Oeste tem principalmente títulos difíceis de serem comprados, como primeiras edições e volumes autografados. “Na última década, nos especializamos em literatura brasileira”, diz Romulo, que largou recentemente um emprego de consultor para se dedicar à coleção.
As estantes de Romulo e Patrícia se tornaram conhecidas após eles criarem um perfil da biblioteca — a Biblioteca Peck Pinheiro — no Instagram, no ano passado, por insistência dela. “Acho importante divulgar os livros, para incentivar outras pessoas a formarem as próprias coleções”, afirma a advogada. A conta tem 27 000 seguidores e traz fotos e histórias das raridades, embora não faltem comentários interessados em visitas guiadas. “É nossa biblioteca particular, fica dentro da nossa casa, então não abrimos ao público”, explica Romulo. As visitas são restritas a amigos, parentes e outros bibliófilos. Foi o caso do professor, poeta e membro da Academia Brasileira de Letras Antonio Carlos Secchin, proprietário de um acervo de 20 000 livros — que inclui a maior parte dos títulos raros da literatura brasileira - no Rio de Janeiro.
Matéria na íntegra: https://vejasp.abril.com.br/cultura-lazer/livros-raros-bibliotecas-sp
18/12/2023