A decisão do ministro Dias Toffoli de retirar o juiz Appio do julgamento do TRF-4 foi coerente com a medida anterior, em relação à Odebrecht. Ele está numa campanha para acabar com a Lava-Jato e punir os procuradores e o juiz Sergio Moro. Ao anular as provas, ajuda a soltar todos os envolvidos. É uma clara posição política, para tentar uma reaproximação de Lula e do PT, que é a sua base, a sua origem e a razão de ter ido para o STF. E é coerente com toda a movimentação da justiça brasileira para apagar a Lava-Jato. É uma atitude stalinista: apaga a fotografia; não aconteceu, não houve o que foi denunciado, provado, confessado, devolvido dinheiro. Curioso é que a decisão dele a favor da Odebrecht não provocou qualquer reação da empresa. Deveria estar comemorando, publicando anúncios, mas está calada. Porque sabe o que aconteceu, que os computadores que estavam no exterior foram entregues por ela própria. Uma das razões do ministro para anular as provas foi que houve uma cooperação informal da Lava-Jato com a Suíça, e que os dados teriam sido recebidos ilegalmente. Mas a Odebrecht entregou os computadores espontaneamente como parte da delação premiada, então perde valor o principal argumento de Toffoli. A Odebrecht fica quieta porque sabe que é uma decisão tão esdrúxula, que alguma coisa ainda possa acontecer. Se a questão for a plenário, talvez tenha mais chance de mudança, mas na segunda turma é mais difícil. Mas o STF tem um corporativismo muito grande, ministros não votam contra outros. Não acredito que o STF anule a decisão de Toffoli, embora precisasse.