Na última sexta-feira, dia 28, a Academia Brasileira de Letras ganhou mais uma acadêmica. Uma das maiores pensadoras do feminismo brasileiro Heloisa Buarque de Hollanda toma posse na cadeira 30, substituindo Nelida Piñon, morta em 2022. É a 10ª mulher a tomar posse na ABL.
Na cerimônia de posse, Heloisa foi acompanhada na entrada do Salão Nobre pelos Acadêmicos Edmar Bacha, Antonio Cícero e Antonio Carlos Secchin. Ana Maria Machado fará o discurso de saudação à nova Acadêmica; o diploma foi dado por Fernanda Montenegro, e o colar, por Rosiska Darcy de Oliveira. Na saída, Cacá Diegues, Domicio Proença e Geraldo Carneiro a acompanharão até a sala de cumprimentos.
Heloisa nasceu em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e mudou-se com a família para o Rio de Janeiro aos 4 anos. Filha de um médico professor e uma dona de casa, é mãe de três filhos; Lula, Andre e Pedro, todos cineastas.
Feliz por estar entrando na ABL, a escritora não poupa elogios à instituição: “É muito importante. Representa o Brasil, decide muita coisa. O que é discutido ali é muito sério. São os problemas da língua nacional, o que é certo, errado, bom ou ruim, e não tem nada mais político e importante. Acho que seria maravilhoso divulgar a gravidade desse assunto para o público em geral. É bacana defender a palavra, a língua, a literatura nacional, a liberdade de expressão. É uma instituição a qual vale a pena pertencer.”
Heloisa criou e participa da Universidade das Quebradas, um programa de extensão na UFRJ, que promove o diálogo de produtores culturais e artistas das periferias com a comunidade acadêmica. “Desenvolvi um programa sofisticado, uma troca de saberes. O resultado tem sido impactante. Quem passou pelo Quebradas está nas fundações, em governos”, diz.
Autora de livros que fizeram história nos anos 60, 70 e 80, como “26 Poetas Hoje”, “Macunaíma, da literatura ao cinema” e “Feminista, eu?”, ela agora está envolvida em três outras criações e será tema de dois documentários. “Helô”, feito por seu filho Lula, com roteiro de Isabel de Luca e Julia Anquier, com imagens captadas há sete anos, à espera da posse para ser finalizado. “A ideia é mostrar a trajetória profissional e pública da escritora e também o seu lado pessoal de avó, que gosta de viver cercada pelos netos, explica Lula. “O nascimento de H. Teixeira” da cineasta Roberta Canuto com produção de Clelia Bessa, em parceria com o Canal Curta!, está previsto para estrear ano que vem.
25/07/2023