O município de São Cristóvão, na Grande Aracaju (SE), será sede do II Simpósio Nacional de Confrarias e Academias de Ciências, Letras e Artes, que acontece de 14 a 16 de julho no convento São Francisco - por si só um patrimônio histórico da chamada Cidade Mãe. O objetivo do simpósio é aproximar as entidades participantes, promovendo trocas de conhecimentos entre elas, com mesas temáticas e apresentações de pesquisas. Há também uma programação musical emoldurada por cenários históricos de São Cristóvão – a Praça São Francisco e as igrejas São Francisco e da Matriz. F5 News conversou com o historiador Adailton Andrade, responsável pela criação e organização do II Simpósio Nacional de Confrarias e Academias de Ciências, Letras e Artes. Ele é diretor do Arquivo Público Municipal de São Cristóvão; presidente e fundador da Confraria Sancristovense de História e Memória; membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe; do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho, da Academia Sergipana de Letras; e acadêmico da Academia Sancristovense de Letras e Artes. Na entrevista a seguir, Adailton Andrade fala das expectativas quanto ao evento, que já tem presença confirmada de representantes de onze estados.
Adailton Andrade - A abertura terá a conferência de um acadêmico imortal da Academia Brasileira de Letras, Antônio Torres, sobre o tema principal: “A contribuição literária de acadêmicos sergipanos como imortais da Academia Brasileira de Letras”. Foram eles: Silvio Romero, Laudelino Freire, Genolino Amado, Aníbal Freire, Gilberto Amado e João Ribeiro, sendo Tobias Barreto patrono, não acadêmico.
No segundo dia, sábado, acontecem a feira literária, o sarau poético e duas mesas temáticas - uma coordenada pela Academia de Letras da Bahia e a outra, pelas Academias Sergipanas de Letras e de Educação. No domingo pela manhã, teremos mais uma mesa temática, desta vez coordenada por acadêmicos do Ceará. D
urante todo o evento teremos uma exposição de réplicas de embarcações ribeirinhas do Mestre Passos e haverá apresentações musicais com Sena in Cantoria, Giló Santana, Joseane Dy Josa, e outros artistas ainda a confirmar.
F5 News – Quantas confrarias e academias estarão sendo representadas?
Adailton - As Academias que vão participar de Sergipe são muitas - a de Letras de Aracaju, a Sergipana de Letras, a Sergipana de Educação, a Sergipana de Medicina, a Sergipana de Ciências Contábeis, e quase todas as do interior.
De fora, há uma média de 150 academias, de onze estados já confirmados, entre elas as de Letras do Ceará, da Bahia, de Alagoas, da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Maranhão, do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais, de Santa Catarina e do Espirito Santo. Quanto às confrarias, temos ainda um pequeno número.
F5 News – O que difere as academias das confrarias?
Adailton - As confrarias são associações cuja finalidade vai ser registrada no seu estatuto. A Confraria Sancristovense de História e Memória, por exemplo, nasceu em prol de preservar a história das ordens religiosas. Você não pode desassociar a história do município delas, a começar pela chegada dos religiosos Gaspar Lourenço e Irmão João Saloni, em 1575 - muito antes da fundação da cidade por Cristóvão de Barros, em 1590. Quando se fala em academia, ela é mais abrangente, não é específica como a confraria. Existem, por exemplo, confrarias do vinho, pessoas que se reúnem para estudar como é a degustação, o tipo de comida apropriado, quais as taças etc.
F5 News – E as academias?
Adailton – As academias são mais plurais. Antigamente existiam as Academias de Letras. Aí o escritor Mário Carabajal disse: ‘não tem pintor, não tem artista plástico, não tem escultor dentro da academia. E quem não escreve com letras, mas escreve com a pintura, com a escultura?’. Tinha a Academia Brasileira de Letras (ABL), que sempre foi tradicional e fechada, então o Mário Carabajal criou a Academia de Letras do Brasil (ALB) em 2001, aí sim abrindo o leque para outras artes. As demais academias que vão surgindo seguem essa abertura. Hoje tem academia de ciências, letras e artes; de desportos; de história e religião. Foram buscar especificamente seus assuntos – academia jurídica, teológica, de medicina etc. Como quem está criando o Simpósio é uma confraria [a Sancristovense de História e Memória], a gente botou confrarias, mas elas têm pouca participação.
F5 News – Quantas pessoas são esperadas no evento?
Adailton - Hoje já temos mais de 160 inscrições confirmadas. Isso que é o pessoal de fora, porque temos apenas 20% das inscrições de sergipanos, acho que vão deixar para os últimos dias. O convento São Francisco tem capacidade para hospedar 80 pessoas e já está lotado. Estamos abrindo mais leitos no convento dos Carmelitas, onde ficou Irmã Dulce, não sabemos ainda quantos. A estimativa é de reunirmos mais de 250 pessoas no Simpósio.
F5 News – Há como prever os impactos positivos do evento sobre a economia em São Cristóvão e além?
Adailton - Muitas pessoas vão ficar em hotéis em Aracaju e outras em pousadas em São Cristóvão, que devem lotar. Alguns restaurantes já estão se preparando para o evento. Temos também a venda de artesanato, dos famosos bricelets e queijadas, coisas da cidade e do estado. Tudo isso tende a voltar na bagagem de quem vem para o simpósio.
29/05/2023