Durante a abertura da Flup (Festa Literária das Periferias) realizada neste sábado 13, no Rio de Janeiro, o músico e escritor Gilberto Gil defendeu Vinícius de Moraes em relação à famosa frase "o negro mais branco do Brasil".
Na ocasião, celebrada no dia em que a Lei Áurea completou 135 anos, a escritora Eliana Alves Cruz, que mediava a conversa, lembrou que Vinícius se reivindicava como negro, gerando um dabte sobre a questão racial e a identidade do poeta.
Gil defendeu Vinícius. "Vinícius tinha todo o direito de se considerar negro. Era a matéria negra e imagética que ele trabalhava. É uma reivindicação legítima, mais a favor do negro do que um autoelogio".
O cantor baiano ainda acrescentou que a discussão sobre identidade racial é complexa e que Vinícius deu espaço para a cultura negra em suas obras.
"A herança que ele deixou para a música brasileira é a dimensão negra que está nitidamente nele, que foi um dos maiores poetas do Brasil e talvez o maior da música popular", disse Gil.
Complementando Gil, o ator Haroldo Costa, que também fez parte da mesa de abertura, lembrou que Vinícius defendeu que a sua peça "Orfeu da Conceição" só deveria ser feita por atores negros.
A 13ª edição da Flup homenageou Machado de Assis e aconteceu no local onde o escritor nasceu. A proposta era levar a Academia Brasileira de Letras à periferia.
16/05/2023