A vida de um secretário de Estado no Rio de Janeiro tem tudo para não ser monótona. Ao contrário, enche de satisfação o seu eventual titular. A primeira vez que experimentei essa sensação foi em 1969, quando tive o prazer de inaugurar o grande planetário do Rio de Janeiro, na Gávea. Era um sonho que realizava, com a ajuda inestimável do Ministério da Educação, que cedeu o equipamento alemão Zeiss-Jena.
Depois, vieram as 88 escolas do período de secretário de Educação e Cultura, entre 1979 e 1983. Com a ampliação do nosso orçamento, graças à decisão do governador Chagas Freitas, batemos o recorde fluminense. Vieram escolas em muitas e antes desassistidas cidades, numa seleção de locais bem diversificada, todas construídas com enorme zelo profissional. O fenômeno jamais se repetiu, sobretudo em virtude da ausência de recursos financeiros, como se viu no último período de governo, em que faltou de tudo, inclusive a imprescindível merenda escolar.
Se o senador Camilo Santana (PT-CE), novo ministro da Educação, concluir o seu mandato com sucesso nas metas projetadas, estaremos muito bem servidos. Ele pensa com muita clareza sobre os caminhos a serem percorridos, a partir da prioridade estabelecida para as ações no pré-escolar (creches) e o fornecimento de merenda de boa qualidade aos nossos estudantes de educação básica.
Em entrevista à GloboNews, o ministro disse que pretende tornara escola brasileira mais atrativa e, com isso, acabar com a lamentável deserção dos dias de hoje. Para tanto, conta com adoção do tempo integral e a intenção de repetir os exemplos bem-sucedidos em estados como Ceará, Pernambuco, Espírito Santo e Goiás. Não pretende replicar experiências discutíveis, como as escolas cívico-militares e o ensino domiciliar, que considera ideias equivocadas.
No ensino superior, promete dar igual atenção às escolas públicas e particulares, ouvindo os seus reitores e batalhando por um currículo moderno, sobretudo na reformulação dos cursos de pedagogia.
Afirmou que pretende uma escola inclusiva, não de partido. 'Uma escola que liberta' O atual Plano Nacional de Educação vai até 2024. Deverá ser substituído por um novo e de características mais modernas. 'Para criar uma escola mais atrativa, com a distribuição necessária detablets, como se faz necessário. '
Segundo o ministro, devemos dar uma atenção especial ao financiamento da ciência e da tecnologia para garantir o acesso adequado à modernidade. E é preciso assegurar a indispensável gratuidade à universidade pública, sem os sustos atuais na entrega dos recursos.
Deve-se incentivar o investimento privado na educação, estimulando a parceria público-privada. E, nas futuras escolas de tempo integral, valorizar o tratamento da cultura brasileira: 'Sem desprezar a biografia e as ideias de valores como Paulo Freire, que deu imensa contribuição ao país', declarou Santana. Para esse programa, o novo MEC espera contar com a ajuda de todos os secretários estaduais de Educação. É uma boa chamada.