ovodoadora adj. s.f.
1. Doação de gametas femininos a banco de óvulos, para uso em técnica de reprodução assistida, nomeadamente a fertilização in vitro.
2. Procedimento da reprodução assistida por meio do qual se introduz no útero da mulher (receptora) óvulo provindo de uma doadora fértil fecundado em laboratório.
“Cada vez mais, mulheres que têm o sonho de engravidar, mas não conseguem prosseguir com a gestação por vias naturais independente do motivo, são reconfortadas com a notícia positiva dos diferentes tratamentos de fertilidade possíveis. Ainda que pouco falado, um deles é a ovodoação [...]. ‘A ovodoação é o tratamento utilizado por quem deseja ter filhos, porém não tem óvulos próprios (ou ainda tem, mas eles não apresentam mais qualidade para a formação de um embrião) para alcançar a maternidade/paternidade. Desta forma, utilizam-se óvulos de uma outra mulher para ser fertilizado pelo espermatozoide no processo que conhecemos como Fertilização In Vitro (FIV)’, explica o urologista Daniel Suslik Zylbersztejn, PhD em reprodução humana e coordenador médico do Fleury Fertilidade.”1
“Caso o plano seja pela maternidade tardia, os médicos indicam o congelamento de óvulos até os 35 anos. A partir desta idade, o número e a qualidade de óvulos decrescem, sendo mais acelerados após os 39. Quando for feita a fertilização, é possível usar seu material genético e não depender da ovodoação. [...] Cada vez mais popular, o procedimento [da ovodoação] é intermediado pela clínica de reprodução assistida. No Brasil, não há um banco de óvulos organizado e é proibida a doação com caráter lucrativo ou comercial. Geralmente, o que ocorre é a ‘doação compartilhada’, quando doadora e receptora se beneficiam. Por exemplo: enquanto uma busca a fertilização e doa óvulos para baratear o valor do procedimento, a outra, que receberá os gametas, cobre parte do custo. A identidade é preservada e não há contato entre elas. A última resolução (2.294) do Conselho Federal de Medicina (CFM), de junho, liberou ainda a doação de gametas para parentes até o quarto grau – neste caso, não há necessidade de anonimato. A doação voluntária de óvulos também é liberada, apesar de ser incomum, já que não é possível ter benefício financeiro.”2
“Pacientes que perderam a função ovariana devido a câncer, cirurgia, quimioterapia ou radioterapia; mulheres com menopausa precoce, menopausa fisiológica, ovários que não respondem a indução da ovulação, múltiplas falhas de implantação, entre outros, e casos complexos que envolvem doenças hereditárias. Todos estes casos podem ser beneficiados com programas de Ovodoação, segundo Remohi (2003).”3
“O Programa de Ovodoação foi criado na faculdade [de Medicina do ABC, em Santo André] em agosto de 2005. Não era oferecido, até então, o congelamento dos embriões excedentes (só é permitida a transferência de até quatro embriões segundo regulamentação do Conselho Federal de Medicina, CFM), porque isso implicaria um custo com que a população não poderia arcar. Assim, por não poder ‘guardar’ os óvulos coletados para programas de fertilização, eles eram, até então, descartados. A partir da constatação de um numerário de óvulos excedentes a serem descartados, potencialmente com boa qualidade e passível de utilização, é que se criou o programa de Ovodoação nessa instituição.”4
“‘Cresceu a procura por óvulos doados, em especial nas grandes cidades’ diz Carlos Petta, do Centro de Reprodução Humana do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Na clínica, procedimentos comovodoação são 15% dos tratamentos. Escutar o relógio biológico pode ser ainda mais difícil nos dias atuais, quando os sinais de envelhecimento aparecem mais tarde. Tratamentos estéticos e a preocupação com boa forma – refletidos em exercícios físicos, cuidados com a alimentação e com a saúde – tornam o tique-taque biológico inaudível. Uma pesquisa de opinião feita pela Universidade da Califórnia entre mulheres que fizeram fertilização in vitro após os 40 anos mostra como está longe da realidade a percepção pública sobre fertilidade. Trinta por cento das mulheres disseram que esperavam engravidar sem dificuldades nessa idade; 28% se sentiram enganadas por celebridades mais velhas, que engravidam e não contam sobre os tratamentos de fertilidade a que se submetem; 26% acreditavam que não teriam problemas para se tornar mães porque tinham hábitos saudáveis.”5
1 ARNOLDI, Alice. Fertilidade: o que é ovodoação e quando ela é indicada para as mulheres. bebê.com.br, 25 jun. 2021. Saúde. Disponível em: https://bebe.abril.com.br/saude/fertilidade-o-que-e-ovodoacao-e-quando-e.... Acesso em: 25 out. 2022.
2 CARAPEÇOS, Nathália. Deseja ser mãe mais tarde? De ovodoação a congelamento de óvulos, cinco coisas que você precisa saber. Donna, 10 set. 2021. Maternidade. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/donna/maternidade/noticia/2021/09/deseja.... Acesso em: 25 out. 2022.
3 SANTOS, Juliana Roberto. Ovodoação: vivências das doadoras e receptoras de óvulos em um hospital universitário. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Medicina da USP. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-02092009-165018/pu.... Acesso em: 25 out. 2022.
4 Idem, ibidem.
5 BUSCATO, Marcela; KORTE, Júlia; GERMANO, Felipe; CLEMENTE, Isabel; CARDOSO, Ana Luiza. Há limites para a maternidade? Época, 3 set. 2014. Vida. Disponível em: https://epoca.oglobo.globo.com/vida/noticia/2014/09/ha-limites-para-bmat.... Acesso em: 25 out. 2022.