Conjunto de práticas e manifestações que preconizam o uso da bicicleta como meio de transporte individual urbano (menos poluente, mais econômico e benéfico para a saúde) e reivindicam melhorias na infraestrutura cicloviária das cidades.
“O cicloativismo brasileiro vem desde suas primeiras manifestações na década de 1990 em movimento contínuo de amadurecimento e fortalecimento. Hoje, é possível reconhecer que os tímidos, mas evidentes, avanços na inclusão da bicicleta no sistema de mobilidade urbana não teriam ocorrido sem a ação direta e indireta de ciclistas e de suas organizações, em quantidade e qualidade crescente, nas cidades brasileiras.”1
“A enorme quantidade de carros nas ruas e avenidas das grandes cidades, a pressa e o desrespeito dos motoristas tornam o ato de pedalar no trânsito uma atividade praticamente impossível, considerada por muitos até mesmo ‘suicida’. Em contrapartida, observa-se um número cada vez maior de ciclistas dispostos a encarar as ruas e conquistar seu espaço. Em Pernambuco, parte disso se deve ao trabalho de uma outra ramificação do ativismo sobre duas rodas. O Bike Anjo é um grupo voluntário de ciclistas dispostos a ajudar qualquer pessoa que queira adotar esse novo hábito, dando noções básicas de condução em vias urbanas, dicas de segurança, regras de sinalização e legislação de trânsito. [...] ‘Não há como discutir mobilidade urbana em 2013 e não falar de bicicletas inseridas no cotidiano das pessoas. Desde que comecei a me envolver com o cicloativismo, em 2010, venho participando de reuniões, fóruns e debates, tanto na esfera estadual quanto municipal, sobre essa temática. Os avanços foram poucos, quando existiram. Mesmo assim, o número de ciclistas que utilizam a bicicleta dessa forma é crescente’, comenta o ciclista Enio Paipa, responsável por trazer o Bike Anjo para Pernambuco.”2
“Com a flexibilização do funcionamento do comércio, após momentos mais críticos da pandemia do novo coronavírus, Salvador volta a ser uma cidade com o trânsito caótico ao qual estávamos acostumados. Percorrer poucos quilômetros de carro pode ser um tormento em algumas áreas da cidade. Daí surge o desejo de buscar alternativas para a locomoção, mais funcionais e sustentáveis. A bicicleta é uma delas, inclusive muito estimada em tempos de distanciamento social. Um meio de transporte mais seguro, rápido e até saudável para o corpo. O cicloativismo luta exatamente pela consciência do benefício do uso da bicicleta.”3
“O balconista João Alexandre Binotti, 40 anos, pedala diariamente cerca de 13 quilômetros entre a Vila Jacuí, onde mora, na zona leste de São Paulo, até chegar ao trabalho, na Penha. Para além do uso pessoal da bicicleta, Binotti é uma referência do cicloativismo nas periferias. No YouTube, o canal Ciclista Binotti registra trajetos feitos por ele e escancara diversos problemas, como as dificuldades enfrentadas por pedestres e pessoas que usam cadeira de rodas. Há mais de 20 anos, as parcerias com coletivos e outros ativistas fortalecem as pautas e permitem organizar protestos e promover reuniões. É desse engajamento que saem demandas e cobranças de medidas concretas frente ao poder público.”4
“O 3.º Fórum Mundial da Bicicleta – Cidade em Equilíbrio – teve início na noite de quinta-feira (13) no Teatro da Reitoria da Universidade Federal (UFPR). O evento, que conta com o apoio da Prefeitura de Curitiba, discute mobilidade urbana, urbanismo, ações do cicloativismo além de promover oficinas e atividades ao ar livre tendo a bicicleta como foco principal. O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, participou da solenidade, ao lado do reitor da UFPR, Zaki Akel, e representantes do cicloativismocomo Goura Nataraj (Curitiba), Lívia Araújo (Porto Alegre/RS) e André Geraldo Soares (Balneário Camboriú/SC). Fruet disse que receber o fórum mundial da bicicleta é motivo de orgulho para a cidade e ressaltou que o evento tem um caráter de mobilização e de provocação tanto do poder público, quanto da sociedade. ‘Um dos desafios é a mudança de cultura para que as pessoas entendam que a mobilidade não é só o carro ou mobilidade individual. Temos que incentivar cada vez mais opções ecológicas e novos modais e ter uma convivência compartilhada’, afirmou.”5
1 SOARES, André Geraldo. Cicloativismo: instrumento de inserção da bicicleta como política pública das futuras gestões municipais. Revista Bicicleta, 26 jun. 2016. Diversos. Disponível em: https://revistabicicleta.com/diversos/cicloativismo/. Acesso em: 17 nov. 2022.
2 SOUZA, Olivia de. Cicloativismo. Continente, 1 abr. 2013. Disponível em: https://revistacontinente.com.br/edicoes/148/cicloativismo. Acesso em: 17 nov. 2022.
3 KUWANO, Yumi. Cicloativismo: em defesa da sustentabilidade, da autonomia e outras causas. A Tarde, 13 set. 2020. Muito. Disponível em: https://atarde.com.br/muito/cicloativismo-em-defesa-da-sustentabilidade-.... Acesso em: 17 nov. 2022.
4 VELOSO, Lucas. Políticas públicas são tímidas, diz cicloativista João Alexandre Binotti. Estadão Expresso, 23 set. 2021. Na Perifa. Mobilidade. Disponível em: https://expresso.estadao.com.br/naperifa/politicas-publicas-sao-timidas-.... Acesso em: 17 nov. 2022.
5 CURITIBA. Fórum Mundial da Bicicleta discute mobilidade e ações do cicloativismo. Notícias, 14 fev. 2014. Sociedade Civil. Disponível em: https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/forum-mundial-da-bicicleta-discu.... Acesso em: 17 nov. 2022.