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tripofobia

Classe gramatical: 
s.f.
Palavras relacionadas: 

tripofóbico adj. s.m. (pessoas tripofóbicas)

Definição: 

Aversão ou repulsa à visão de tecido orgânico ou qualquer superfície que apresente um aglomerado de pequenos buracos, furos, bolhas, saliências, etc. (como esponja do mar, favo de mel, vagem de sementes de lótus, pele com pústulas agrupadas, entre outros).

[Do grego trýpa ‘buraco’ + -fobia.]

Exemplos de uso: 

“A repulsa ou aversão a buracos ou lesões agrupadas de forma irregular tem um nome: tripofobia. Esse padrão de buraquinhos pode estar na pele, em tecidos, objetos ou animais. Pessoas com essa questão não aguentam olhar para, por exemplo, os furinhos de uma esponja, ou mesmo para imagens com sintomas mais intensos da varíola do macaco. Essa aflição pode causar mal-estar, mas não é considerada uma doença por si só. E nem mesmo uma fobia, apesar do nome. ‘O termo fobia é diretamente relacionado ao medo de alguma coisa, seja de um animal, de altura, de andar de avião. Esses quadros produzem sentimentos mais intensos de pânico e ansiedade’, afirma o psiquiatra Felipe Becker, coordenador do serviço de internação psiquiátrica do Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville (SC). A bem da verdade, a palavra ‘tripofobia’ sequer foi criada por especialistas. ‘Ela nasceu na internet, da necessidade de dar nome a essa sensação’, conta a psicóloga Marilene Kehdi, de São Paulo.”1

“O primeiro estudo publicado sobre o assunto é de 2013, na revista Psychological Science. Nele, os pesquisadores especulam que a tripofobia pode ter uma base evolutiva, pois esses grupamentos de furos compartilham características visuais com animais peçonhentos (ou suas tocas) que os humanos e seus ancestrais aprenderam a evitar como uma questão de sobrevivência. Já um estudo de 2017 do Jornal Cognition and Emotion sugere outra teoria sobre a origem da repugnância a esses buracos e saliências. Os pesquisadores acreditam que esses padrões geométricos lembram doenças contagiosas ou parasitárias que acometem principalmente a pele. A aversão a imagens semelhantes seria, portanto, um mecanismo de defesa para que o indivíduo evite e afaste-se de lesões de pele potencialmente contagiosas.”2

“Segundo Cole e Wilkins (2013) e Manuel (2013), na tripofobia o estímulo aversivo é compreendido por orifícios, ou buracos pequenos em grandes quantidades, geralmente em superfícies orgânicas, como pele humana ou animal. De acordo com descrições feitas pelos autores supracitados estímulos visuais compreendendo aglomerados de buracos de qualquer variedade, a exemplo, bolhas de sabão agrupadas, sementes de lótus etc., que aparentemente não representam ameaça, produzem reações como nojo, repulsa, náusea, arrepios, entre outras; essas respostas caracterizam um quadro de tripofobia.”3

“Em um estudo pioneiro os psicólogos Geoff Cole e Arnold Wilkins, da Universidade de Essex, na Inglaterra, apresentaram uma imagem de sementes de lótus para 91 homens e 195 mulheres com idades entre 18 e 55 anos. Os resultados foram expressivos: 11% dos homens e 18% das mulheres relataram que foi desconfortável e até repulsivo olhá-la. Dadas as ressalvas, os dados apontam para ocorrência de respostas que podem caracterizar um quadro de tripofobia. Contudo, a tripofobia é pouco estudada até a presente data, sendo muito discutida na última década em sitesblogs, páginas, redes sociais e textos informais (Manuel, 2013).”4

“A asquerosa investigação começou em 2017, nas instalações do Chicheley Hall, em Buckinghamshire, Inglaterra. Kupfer apresentava suas descobertas a respeito de tripofobia, que é uma aversão a agrupamentos de buracos ou bolhas experimentada por algumas pessoas. Os dados dele mostravam que voluntários com tripofobia reagiam com frequência a imagens esburacadas ou bolhosas sentindo coceira ou se coçando, às vezes até sangrar a pele. Kupfer sugeriu que a tripofobiapode não expressar medo, mas, em vez disso, nojo em relação a sinais de parasitas ou doenças infecciosas, que podem resultar em lesões com pequenos buracos e bolhas na pele ou pústulas.”5

“O termo ‘tripofobia’ foi cunhado pela primeira vez em 2005 no fórum online Reddit e desde então se tornou amplamente comentado nas mídias sociais. A atriz de American Horror Story, Sarah Paulson, e a modelo Kendall Jenner estão entre as que dizem ter essa condição. O cientista da visão Dr. Geoff Cole, da Universidade de Essex, fez parte do primeiro estudo científico completo sobre tripofobia, trabalhando com seu colega, o professor Arnold Wilkins. ‘Todos nós temos um pouco disso, é apenas uma questão de intensidade’, disse Cole à BBC News. A reação à visão de pequenos buracos pode ser muito extrema, diz o estudo deles.”6

Referências: 

TRIPOFOBIA. In: DICIONÁRIO ESTRAVIZ. Disponível em: https://www.estraviz.org/tripofobia. Acesso em: 12 set. 2022.

TRYPOPHOBIA. In: DICTIONARY.COM. Disponível em: https://www.dictionary.com/e/tech-science/trypophobia/. Acesso em: 13 set. 2022.


1 SCHIAVON, Fabiana. O que é tripofobia? Repulsa a buracos e lesões na pele não é doença. Veja Saúde, 15 ago. 2022. Bem-estar. Disponível em: https://saude.abril.com.br/bem-estar/o-que-e-tripofobia-repulsa-a-buraco.... Acesso em: 11 set. 2022.

2 PINHEIRO, Pedro. Tripofobia [com imagens]: o que é, sintomas e tratamento. MD.Saúde, 3 maio 2022. Disponível em: https://www.mdsaude.com/psiquiatria/tripofobia/. Acesso em: 12 set. 2022.

3 MARCON, Roberta Maia; REOLON, Giovana Azevedo. Tripofobia: um relato de caso do tratamento do medo de buracos. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 2016, v. XVIII, n. 2, p. 100-111. Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Disponível em: https://rbtcc.webhostusp.sti.usp.br/index.php/RBTCC/article/view/886/482. Acesso em: 12 set. 2022.

4 Idemibidem.

5 REDAÇÃO. Já sentiu coceira? Talvez você deva agradecer à evolução. Estadão, 14 set. 2021. Disponível em: https://www.estadao.com.br/internacional/nytiw/ciencia-coceira-evolucao/. Acesso em: 13 set. 2022.

6 BBC NEWS. Por que pessoas com tripofobia estão revoltadas com o novo iPhone 11 Pro. Tilt Uol, 12 set. 2019. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/bbc/2019/09/12/por-que-pessoas-com-.... Acesso em: 13 set. 2022.

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