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O dia em que apertei a mão da rainha Elizabeth II

 

Soberana veio ao Brasil em 1968

Uma das alegrias que tive como secretário de Ciência e Tecnologia da antiga Guanabara foi ter apertado a mão da rainha Elizabeth II, na sua única visita ao Brasil, em 1968. Ela foi recebida no Museu de Arte Moderna, num simpaticíssimo almoço. Esperei pela soberana do Reino Unido ao lado do colunista Ibrahim Sued, com quem treinei o clássico 'Nice to meet you'. Ela nos cumprimentou na entrada do restaurante, sempre sorridente. Da recepção fazia parte o governador Negrão de Lima, que, como embaixador, tinha todo o traquejo diplomático exigido para aquelas ocasiões.

Acompanhada do príncipe Philip, a rainha Elizabeth II tinha uma agenda lotada, em que se incluíam uma visita ao presidente Costa e Silva e a presença em locais históricos, como o Monumento do Ipiranga, em São Paulo, e o Mercado Modelo, em Salvador. Não deixou de afirmar que 'os nossos dois povos estão voltados aos conceitos básicos de justiça, liberdade e tolerância'.

Em São Paulo, presidiu a cerimônia de inauguração do Museu de Arte de São Paulo (Masp). No Rio, esteve no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro, e prestigiou a Igreja Anglicana, em Botafogo. Visitou o Morro Dona Marta, fez um passeio de Rolls-Royce pela cidade e compareceu ao Maracanã para assistir ao amistoso Rio-São Paulo, em que afirmou se sentir muito feliz por cumprimentar o nosso craque Pelé. No dia seguinte, partiu para a Argentina.

O novo rei inglês é conhecido pelo seu amor ao meio ambiente. Afirma-se que não é seu propósito ficar muito tempo no posto, mas isso ainda é uma dúvida. A imagem do rei Charles III substituirá a imagem da sua mãe nos selos reais e nas notas do Banco da Inglaterra. As palavras dentro dos passaportes britânicos serão atualizadas para 'sua majestade' no masculino (em inglês, a expressão tem gênero e será mudada de 'her majesty' para 'his majesty'). E o trecho do Hino Nacional que diz 'Deus salve a rainha' será mudado para 'Deus salve o rei'.

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que Elizabeth II manteve a unidade da nação britânica por mais de 70 anos, superando os limites até da célebre rainha Vitória. A nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, disse que ela foi a rocha sobre a qual a nação foi erguida.Apesar das crises internas da família real, Elizabeth II resistiu até os 96 anos. Em 8 de setembro de 2022, a rainha morreu no Castelo de Balmoral, na Escócia, numa residência de férias. Na data da morte, o comunicado feito por meio das redes sociais do Palácio de Buckingham diz: 'A rainha morreu em paz'. Preservou com brilho a confiança na monarquia. É claro que deixará saudades.

O Globo, 15/09/2022