O discurso do comandante do Exército, Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, na solenidade do dia do Soldado, foi tranquilizador, a favor da democracia, pedindo estabilidade e deve ter deixado o presidente da República cuspindo fogo. Recentemente, Bolsonaro já havia pensado em tirá-lo do comando, mas seria o segundo comandante do Exército a sair e complicaria a situação do presidente. O que é uma sorte para nós, porque todas as informações indicam que o general Paulo Sergio é muito focado na manutenção da democracia e nas missões específicas das Forças Armadas. Antes de ser nomeado comandante, chefiou o serviço médico do Exército, onde teve atuação muito boa no combate à COVID e, diferente do Governo Federal, instruiu todos os seus servidores com medidas de prevenção. Escreveu um artigo chamando a atenção para o fato de o Exército ter tido menos contaminação do que a média brasileira, porque as tropas haviam seguido rigorosamente os preceitos de distanciamento social e proteção de máscaras. Esse artigo irritou muito Bolsonaro, e ele só foi escolhido para o comando por ser o mais antigo. E Bolsonaro criaria um problema com o Exército se não o nomeasse. A verdade é que os dois convivem com muita dificuldade. Estamos numa situação de tensão, com a parte – acredito que seja a maioria – das Forças Armadas que não gosta e não apoia as medidas antidemocráticas de Bolsonaro e os que o apoiam. Vivemos um grande retrocesso.