Denominação genérica do alimento que, supostamente, traz benefícios excepcionais para a saúde, devido ao altíssimo teor de substâncias e/ou nutrientes como proteínas, vitaminas, minerais, antioxidantes, fibras, etc. [Do inglês superfood.]
“A palavra ‘superalimento’ costuma aparecer nas manchetes de revistas que prometem saúde a jato e corpos incríveis. Geralmente, um superalimento vem atrelado a algum benefício, como emagrecer ou acelerar o metabolismo (para, consequentemente, emagrecer), e é exaltado como a fonte definitiva disso ou daquilo – lembra da explosão da quinoa, ‘a proteína em grão que ajuda a emagrecer’?
E aí, quinoa é ou não saudável? Claro que é. Mas nenhum alimento isoladamente tem superpoderes. Ou seja, não existem superalimentos. ‘O ser humano é onívoro. Isso não significa apenas que ele pode comer tudo, mas que ele deve comer de tudo’, afirma o médico e pesquisador Carlos Augusto Monteiro, Professor Titular do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP.”1
“Que o leite materno é um superalimento para o bebê todo mundo concorda. Diversos estudos têm demonstrado o quanto ele pode fazer diferença, não somente na primeira infância, mas durante toda a vida. É possível, inclusive, comprovar como a ação do aleitamento pode modificar o organismo, para melhor. ‘Pesquisas feitas por meio de medidas ultrassonográficas mostram aumento do órgão chamado timo em crianças de 4 meses de idade com amamentação exclusiva no peito, em comparação com as que não mamavam. O timo é um dos órgãos responsáveis pela imunidade e formação de anticorpos’, explica o otorrinolaringologista do Hospital CEMA, Gustavo Mury.”2
“O termo foi cunhado por Steven Pratt, em 2004, no livro Superfoods: Fourteen Foods That Will Change Your Life. De acordo com o autor, os ‘superalimentos’ são caracterizados por três qualidades – eles devem estar prontamente disponíveis ao público; devem conter nutrientes que ajudam a aumentar a longevidade; e devem ter benefícios atestados por estudos científicos. ‘Estes alimentos foram escolhidos porque contêm altas concentrações de nutrientes cruciais, além do fato de muitos deles terem baixo valor calórico’, ressaltou. Ele acrescentou que alimentos com estes nutrientes podem ajudar a prevenir ou reverter os efeitos da idade, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes do tipo 2, hipertensão e alguns tipos de câncer. [Lucy] Danziger avisa que os superalimentos não são um ‘passe livre’ para se comer à vontade. No entanto, trazem energia, melhoram o sono e mantêm a dieta na linha.”3
“Na Cidade do México, a espirulina tem aparecido em quase todos os cardápios. Desde os habituais smoothies até em pratos mais tradicionais, como tortilhas e tlayudas (base de tortilha crocante com feijão frito e outras coberturas). Mas não pense que este é um símbolo da invasão ‘hipster’ da globalização dos alimentos saudáveis: na verdade, séculos antes de serem consideradas um ‘superalimento’, essas cianobactérias de cores vibrantes (ou algas verde-azuladas) – que crescem sobretudo em lagos alcalinos quentes, lagoas e rios nas zonas tropicais e subtropicais – eram um alimento básico na era pré-colombiana. Os mexicas – ou astecas, como ficaram conhecidos posteriormente – colhiam a substância rica em proteínas da superfície do Lago Texcoco, um extenso corpo de água no centro do México que acabou sendo drenado em grande parte pelos espanhóis para abrir caminho para a construção da Cidade do México.”4
“Quinoa, bagas de goji, açaí, sementes de chia, chá de maçã, óleo de coco, espirulina, couve ou espelta: cada vez mais produtos de nome estranho e procedência quase sempre exótica se amontoam nas prateleiras de lojas de alimentação e supermercados. Estes são alguns dos chamados superalimentos, segundo especialistas, uma categoria criada mais pelo marketing e as redes sociais do que pela comunidade científica. É frequente ver na Internet supostas propriedades benéficas com efeitos miraculosos para a saúde atribuídas a esses produtos. Mas na grande maioria dos casos não há evidências científicas que confirmem essas virtudes. Os nutricionistas dizem que nenhum produto em si pode ser um superalimento e que uma dieta saudável tem de ser equilibrada e variada. Eles concordam em que alimentos saudáveis são abundantes em nosso ambiente habitual e não é necessário procurá-los do outro lado do mundo.”5
“Segundo informações do jornal britânico Daily Mail, pesquisadores constataram que, no ano passado, 61% das pessoas compraram alimentos ou bebidas porque tinham rótulos de superalimento. A Associação Dietética Britânica também chegou a alertar que muitos desses produtos nos dão falsas expectativas sobre seus benefícios. Por exemplo: precisaríamos beber 13 doses de suco de goji berry para obter tantos antioxidantes quanto uma maçã vermelha. [Petronella] Ravenshear acrescenta que as sementes de chia – outro favorito de celebridades – também podem causar problemas intestinais. Embora ricas em proteínas e ômega-3, elas incham até formarem uma massa gelatinosa no estômago. Ainda que possam ajudar a reduzir o apetite, esses alimentos também são ricos em fitatos, compostos antioxidantes que têm o potencial de inibir a absorção de certos minerais, aponta a nutricionista. Ela explica que o apelo em torno dos superalimentos está relacionado ao desejo de que exista uma ‘bala mágica’ que faça perder peso, promova desintoxicação e rejuvenescimento. Por isso procuramos produtos que preencham essas lacunas nutricionais.”6
“Se você passa algum tempo nas mídias sociais, já deve ter notado um novo superalimento aparecendo no seu feed: a Moringa oleifera, o mais recente suplemento alimentar natural que supostamente cura muitos problemas de saúde bastante comuns. Porém, recentemente, o que chamou a atenção foi a notícia de que a Anvisa proibiu, na última terça-feira (4/6), a fabricação, a importação, a comercialização, a propaganda e a distribuição de todos os alimentos que contenham Moringa oleifera². A medida abrange tanto alimentos que contenham a Moringa oleifera como constituinte, em quaisquer formas de apresentação, como chá, cápsulas etc., quanto o próprio insumo. Segundo a agência, ‘a medida foi motivada pelo fato de não haver avaliação e comprovação de segurança do uso da espécie Moringa oleifera em alimentos. Além disso, foi constatado que há inúmeros produtos denominados e/ou constituídos de Moringa oleifera, que vêm sendo irregularmente comercializados e divulgados, com diversas alegações terapêuticas não permitidas para alimentos, como por exemplo: cura de câncer, tratamento de diabetes e de doenças cardiovasculares, entre muitas outras’.”7
SUPERFOOD. In: DICTIONARY.COM. Dictionary.com. Disponível em: https://www.dictionary.com/browse/superfood. Acesso em: 22 abr. 2021.
SUPERFOOD. In: MERRIAM-WEBSTER.COM DICTIONARY. Merriam-Webster. Disponível em: https://www.merriam-webster.com/dictionary/superfood. Acesso em: 1 maio 2021.
SUPERFOOD. In: OXFORD UNIVERSITY PRESS. Oxford Learner’s Dictionaries. Disponível em: https://www.oxfordlearnersdictionaries.com/definition/english/superfood?.... Acesso em: 22 abr. 2021.
1 ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL. Superalimentos: será que eles são super mesmo? Panelinha, 7 mar. 2016. Blog. Disponível em: https://www.panelinha.com.br/blog/alimentacaosaudavel/Superalimentos-ser.... Acesso em: 5 maio 2021.
2 FERREIRA, Cíntia. Leite materno pode fazer glândula responsável pela imunidade dobrar de tamanho. SIS Saúde, 4 ago. 2018. + Saúde. Disponível em: http://www.sissaude.com.br/sis/inicial.php?case=2&idnot=30517. Acesso em: 5 maio 2021.
3 REDAÇÃO TERRA. Conheça 10 superalimentos e perca peso comendo. Terra, s.d. Nutrição. Disponível em: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/nutricao/conheca-10-superal.... Acesso em: 14 abr. 2021.
4 DERENZO, Nicholas. O superalimento perdido da América pré-colombiana que o México tenta resgatar. BBC News, 13 fev. 2021. Brasil. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-55820524. Acesso em: 14 abr. 2021.
5 RODELLA, Francesco. A farsa dos superalimentos. El País, 3 set. 2018. Nutrição. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/31/ciencia/1535714786_536847.html. Acesso em: 22 abr. 2021.
6 REDAÇÃO O GLOBO. ‘Superalimentos’ podem desregular tireoide, irritar intestino e até causar câncer. O Globo, 8 abr. 2014. Saúde. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/superalimentos-podem-desregular.... Acesso em: 22 abr. 2021.
7 REDAÇÃO DRAUZIO VARELLA. Anvisa proíbe a venda de produtos com a planta Moringa oleifera. Drauzio Varella, s.d. Checagens. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/checagens/anvisa-proibe-a-venda-de-pro.... Acesso em: 22 abr. 2021.