Até ontem, podíamos falar, em tom de especulação, sobre a possibilidade de termos aqui os acontecimentos decorrentes da negação de Trump em aceitar a derrota na eleição presidencial. Mas hoje, Bolsonaro deixou claro que pode haver, sim, uma rebelião como a que o presidente americano organizou ontem. Ao dizer que podemos ter coisa pior, se não houver cédula física nas próximas eleições, ele ameaça e pressiona a justiça eleitoral, que já disse que não teremos. Especulamos sobre o assunto quando ele, no início do governo, tentou várias vezes desmoralizar o Congresso, o STF e seus militantes mais radicais atacaram com fogos de artifício o STF. E quando ele fez comícios contra as duas instituições em frente a um quartel do exército, numa clara provocação. Mas era apenas uma possibilidade de Bolsonaro fazer isso se perder em 2022 ou se for impedido pelo Congresso antes do fim de seu mandato. Hoje, no entanto, ele disse claramente que vai haver, e que há condições para não haver. O presidente é um sujeito que não convive com a democracia, autoritário, querendo mais poder. Temos esse problema pela frente, e as instituições democráticas terão que resistir muito, para não termos problemas como os EUA tiveram na última noite.