O presidente Bolsonaro acertou, do ponto de vista dele, na escolha para o STF de um juiz que tem apoio político do centrão, que agora é a base dele no Congresso, mas fez exatamente o contrário do que prometeu quando assumiu, de colocar Sergio Moro no STF, apoiar a Lava-Jato e combater a corrupção. A escolha do desembargador Kassio Nunes só não teve mais apoio no STF porque Bolsonaro se precipitou e deixou chateado o presidente do Tribunal Luiz Fux, que soube da escolha pela imprensa, inclusive da reunião na casa de Gilmar Mendes quando o desembargador foi apresentado. E a segunda besteira ele fez ao publicar a nomeação de Kassio Nunes no DO antes de o ministro Celso de Mello sair. O desembargador tem uma vida inteira em Brasília, sabe lidar com política, por isso surgiu do nada; nos bastidores, estava trabalhando para ir para o STJ, mas teve a sorte da vida dele, de encontrar um presidente que faz escolhas repentinas, se encanta rapidamente com as pessoas. Kassio Nunes é conservador, garantista, vai atuar na mesma linha de Gilmar Mendes e Lewandowski, com o objetivo de barrar a Lava-Jato. Durante os 40 anos de sua vida pública. Bolsonaro foi coerente em valores, mas nunca teve coerência política; nunca teve posição política forte.