A escolha de desembargador do Piauí Kassio Nunes para a vaga de Celso de Mello no STF foi uma surpresa, como um “drible da vaca”, como me relatou um ministro do STF. Bolsonaro jogou vários nomes no ar, e apareceu com uma novidade, uma solução diferente do que estavam falando. A indicação aparentemente agradou aos ministros do STF, que identificam o desembargador como uma pessoa centrada, equilibrada, com posições sensatas. Por exemplo, é a favor da prisão em segunda instância, mas acha que a decisão deve ser do juiz. Acredito que a escolha já esteja definida, pois Bolsonaro levou-o à casa de Gilmar Mendes, onde estavam Dias Toffoli e David Alcolumbre, presidente do Senado, e anunciou que ele seria indicado. Entendo que seja uma tentativa do presidente de demonstrar ao STF respeito e entendimento de que não poderia escolher alguém que “toma cerveja” com ele. Mostrou que, na prática, acha que não deve fazer o que estava anunciando. Foi um gesto de aproximação e respeito com o STF.
O ministro Paulo Guedes a cada dia se desmoraliza mais. Há informações de que ele está aceitando tudo isso para não piorar a crise com uma eventual saída do governo. Ricardo Barros , do Centrão, líder do governo ter ido conversar com investidores sobre o Renda Cidadã é um absurdo. Achar que pode enganá-los e fingir que não está acontecendo nada é típico de político de baixa extração, acostumado com negociações por baixo do pano para ganhar votos. Não é assim que se resolve a dívida do país.