A Academia Brasileira de Letras sempre lutou pela defesa e difusão do livro em nosso país.
Ampliou intensamente sua missão durante a pandemia, multiplicando esforços, ampliando protocolos e abrindo frentes de diálogo para amainar as dores do presente, levando o livro aos rincões mais distantes do Brasil. Optou, dentre outros, pelos povos indígenas e quilombolas, comunidades carentes e ribeirinhos da Amazônia, bibliotecas comunitárias, hospitais, centros de formação e lares de longa permanência.
Assim, pois, a Academia Brasileira de Letras não poderia não repudiar, com veemência, o gesto incivil da queima dos livros do Acadêmico Paulo Coelho, a quem prestamos solidariedade.
Dar fogo aos livros traduz um símbolo de horror. Evoca um passado de trevas. Como esquecer a destruição das bibliotecas de Alexandria e Sarajevo, os crimes de Savonarola e as práticas do nacional-socialismo?
O Brasil precisa de livros, bibliotecas e leitores. A linguagem do ódio é redundante e perigosa. Devemos promover, sem hesitação, os marcos civilizatórios e a cultura da tolerância.
01/10/2020