Ao lançar esta semana sua campanha à reeleição, o prefeito Marcelo Crivella citou a família Bolsonaro como um grupo “espetacular” e comparou sua situação à do presidente na campanha: “O que nos move é o que moveu o presidente quando acordou na UTI esfaqueado”. Ao lado de Crivella estava Rogéria Bolsonaro, ex-mulher do capitão e mãe dos três Zeros à esquerda: o vereador Carlos, o deputado federal Eduardo e o senador Flávio Rachadinha. Leia, sem rir, o que ele disse dela em discurso: “Rogéria não deu seus filhos para si mesma, mas para o povo”.
O prefeito já escapou de sete impeachments e acredita que vai sair ileso da CPI que foi aberta agora, pois tem o apoio da maioria dos vereadores. Com sua voz melíflua, parece dizer: “Não adianta, Deus está comigo”. E continuou mandando seus milicianos para impedir pacientes de reclamar e atrapalhar o trabalho da imprensa na porta dos hospitais.
Ele só não contava com a reação das associações e entidades da sociedade civil. Juristas e professores de Direito se manifestaram indignados com os crimes cometidos por esses “guardiões” e previstos no Código Penal. “O mais grave é o de peculato”, afirma Thiago Bottino, professor de Direito da Fundação Getulio Vargas. A pena prevista vai até 12 anos de cadeia.
O jornalismo reagiu aos ataques fazendo jornalismo. Apurou que a atuação dos “Guardiões do Crivella” não se restringe à área da saúde. Por exemplo: um grupo de mães de alunos da Escola Municipal Eurico Dutra, no IAPI da Penha, flagrou que uma de suas integrantes não tinha sequer filho matriculado na unidade: era uma “guardiã de Crivella”. A TV Globo identificou 23 dos participantes, descobriu seus salários e reconstituiu sua maneira criminosa de agir. Por exemplo: Marcos Luciano, o ML, da lista, ganha R$ 18.513, por um “cargo especial”. Só esses 23 custam aos cofres púbicos mais de R$ 120 mil por mês.
Fico imaginando o médico que está na linha de frente do combate à Covid-19 comparando esses salários com o seu.