Durante sua estada em Genebra, em 1921, este nosso Afonso Arinos procurou aperfeiçoar seus conhecimentos e, neste sentido, dirigiu-se à Universidade de Genebra para matricular-se num dos cursos de extensão. Dada a sua natural inclinação literária, a escolha recaiu no curso de Literatura e Estilística Francesa, ministrado por um professor cujo nome o jovem brasileiro, sem muita certeza, grafou Séchaye (conforme se lê em A alma do tempo, 1.ª parte de suas Memórias).
Posteriormente soube por seu amigo Brito Velho tratar-se do grande linguista Albert Sechehaye (1870-1946), que, além de extensa obra pessoal, redigiu com o colega Charles Bally (1865-1947) o famoso Curso de Linguística Geral de Ferdinand de Saussure (1857-1913), aproveitando os redatores apontamentos de aula do grande teórico e os cadernos de bons alunos dos três cursos por ele ministrados.
Podemos, antes de mais nada, chamar a atenção do leitor de hoje para dois pontos que fogem em geral dos estudos críticos e biográficos do grande linguista: a verdadeira pronúncia do seu sobrenome, de forma dissilábica e oxítona, já que a grafia arcaizante adotada por este poderia oferecer dúvidas ao leitor moderno, e as características pessoais que o atento aluno observou no mestre, em seus contactos de aula. (A pronúncia dissilábica e oxítona, patenteada pela pretensa grafia fixada por Afonso Arinos, vejo-a, também, recomendada na excelente enciclopédia Schweizer Lexikon, de 1948.)
Este Curso de Linguística Geral foi a bíblia teórica da investigação linguística em todo o século XX, com reflexos para sempre na teorização da linguagem e das línguas, especialmente na exposição de dois fundamentais conceitos: Langue e Parole e Sincronia e Diacronia.
No Brasil tenho o testemunho do meu querido mestre Said Ali que me afirmou que aconselhara o saudoso professor Sousa da Silveira a lê-lo e meditá-lo, quando este resolveu deixar sua atividade de engenheiro para dedicar-se brilhantemente ao estudo e ao ensino de língua portuguesa.