Num momento em que estamos testemunhando importantes manifestações antirracismo, presto homenagem a um dos mais importantes estudiosos negros de nossa língua no Brasil do século XX, Antenor Nascentes, carioca (1886-1972) , filólogo, etimólogo e lexicógrafo e didata, ocupante da Cadeira n.o 3 da Academia Brasileira de Filologia, que escolheu como Patrono o dicionarista Antônio de Morais Silva.
Entre as obras produzidas ao longo de sua vida, está o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de 1932, que o fez famoso no meio dos estudiosos em Portugal e nos países que cultivavam a filologia portuguesa, como Alemanha, França, Inglaterra, Espanha e Romênia.
Destacam-se, ainda, o Vocabulário Ortográfico, de 1941, que influenciou o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras, e o Dicionário Etimológico de Nomes Próprios, que serviria de base para o Vocabulário Onomástico da Língua Portuguesa da ABL.
Foi, também, autor do primeiro Dicionário de Português da ABL, preparado na década de 40 e só publicado em 1967, com ideias e proposições acerca da ortografia da língua portuguesa que influenciaram as bases da ortografia portuguesa atual. Em 1962, foi-lhe outorgado o Prêmio Machado de Assis, concedido pela ABL.
Importante assinalar seu papel precursor na área com a didática da língua (coleção O Idioma Nacional) e a geografia linguística (O linguajar carioca), de 1922.
Como diz ele próprio: “Nisto, como em tudo, no começo é que está a dificuldade. Apareçam os aperfeiçoadores” (O linguajar carioca, p. 207, 2.a ed.).
Um perpassar d’olhos por toda sua extensa produção percebe-se, sem grande esforço, temas novos e palpitantes, deixando aí o toque de sua originalidade, com Elementos de filologia românica.
Devemos, por fim, assinalar que a modernidade de Antenor Nascentes não se enfeixa na sua obra científica ou literária; ela se estende à sua figura humana, que possibilita um diálogo franco e alegre com velhos e moços.