A abreviação consiste no emprego de uma parte da palavra pelo todo. É comum não só no falar coloquial, mas ainda na linguagem cuidada, por brevidade de expressão. A forma abreviada passa realmente a constituir uma nova palavra e, nos dicionários, tem tratamento à parte, quando sofre variação de sentido ou adquire matiz especial em relação àquela donde procede.
Mais recentemente, nos meios de comunicação, em virtude da pandemia pelo novo coronavírus (gênero de vírus causadores de infecções), temos visto novas abreviações – neste caso denominadas siglas – quase sempre de origem estrangeira, surgirem; e entender a sua formação nos esclarece muito sobre o que significam. Por exemplo:
– o SARS-CoV-2 [Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 ou Síndrome Respiratória Aguda Grave do Coronavírus 2] é um novo tipo de coronavírus, também chamado novo coronavírus. Ele é responsável por causar a doença COVID-19 [do inglês coronavirus disease ‘doença ou mal do coronavírus’ + (20)19, ano em que seu surto foi relatado à OMS]. Vale mencionar que dizemos o nome da doença no feminino: a COVID-19 (ou a Covid-19). Já que falamos em Covid-19, não poderíamos deixar de abordar o uso de uma expressão cada vez mais comum: álcool em gel.
Temos em “álcool em gel” duas realidades que se combinam, o álcool (substantivo) apresentado em forma de gel (substantivo). Esta é a forma mais recomendada na língua, assim como dizemos “sabão (substantivo) em pó (substantivo)”, “sabão (substantivo) em barra (substantivo)”.
Porém usamos “sabão líquido”, “álcool líquido”, porque temos substantivo (sabão, álcool) + adjetivo (líquido). Daí não corresponder ao melhor uso a expressão “álcool gel”, apesar do emprego um tanto difundido. As duas formas são recentes na língua, e não é impossível que, com a continuação do uso da expressão “álcool gel”, a forma original “álcool em gel” seja assim simplificada.