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Intenção é constranger as forças democráticas

 

O presidente Bolsonaro quer constranger as forças democráticas que impõem limite ao presidente da República, porque quer fazer um governo mais liberado dessas limitações. Mas é um perigo, porque é exatamente o que Hugo Chavez fez na Venezuela. Constranger e controlar os poderes e usar a democracia direta para impor as suas vontades. O presidente do STF, ministro Dias Toffoli e os ministros militares estão sendo lenientes com Bolsonaro e, se entendermos como eles, começaremos a abrir mão dos freios que a democracia representativa impõe ao presidente. Quem está denunciando essa questão é a imprensa. O Congresso está constrangido – Rodrigo Maia claramente não quer aparecer como o grande inimigo de Bolsonaro e o homem que vai autorizar o impeachment, e o STF, embora tenha tomado decisões ultimamente seguras e restringido os abusos, seu presidente está condescendente com as atitudes de Bolsonaro, como deixou claro na entrevista ao programa Roda Viva. É um perigo o STF achar normal ser invadido moralmente pelo presidente da República. As coisas vão virando normais e os poderes vão se recolhendo, para não serem acusados de prejudicar o governo, ou de quererem dar um golpe e assim ele vai dando o golpe dele, que não precisa de tanque na rua; é um golpe de pressão popular, botando gente na rua pedindo a volta do regime militar, que ele controla e orienta.

O Globo, 12/05/2020