É um exercício complicado estabelecer uma hierarquia dos principais problemas da nossa educação. Fizemos essa tentativa no livro “Desafios da educação no Brasil”, lançado pelo Centro de História e Cultura Judaica, na Academia Brasileira de Letras.
Depois de uma digressão sobre a presença de Portugal em nossa história, com o relevo para a Universidade de Coimbra, analisamos os diversos segmentos do que se passa em nosso país, a partir do pré-escolar, carente das necessárias e prometidas creches. Faltam recursos ou vergonha na cara?
O ensino fundamental, responsabilidade municipal, até que apresenta resultados apreciáveis, pecando apenas, em nossa opinião, no item relativo à qualidade, que se liga ao maior dos nossos problemas: a formação dos professores, sacrificados por salários verdadeiramente indecorosos. Falta estímulo e o que se vê, nos cursos de magistério, é uma fuga acentuada de candidatos.
Chegamos ao ensino médio, que registra um número gigantesco compondo a geração nem-nem (nem estudam, nem trabalham). Temos deficiências gritantes, notadamente em português e matemática, como se pode verificar pelos exames internacionais do Pisa. O Brasil ocupa uma das últimas posições do ranking.
Há uma expectativa, com a reforma do ensino médio, de que se tenha uma acentuada revisão, o que o sistema vem pedindo há muito tempo.
Sobre o ensino superior, como vimos em recente reunião da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em Brasília, o crescimento do setor apresenta níveis satisfatórios, mas é preciso um maior cuidado com os hamados padrões de excelência, nem sempre existentes. Onde o crescimento é exponencial – e isso deve ser assinalado – é no ensino à distância. A expansão se deu de forma notável e hoje temos quase 2 milhões de estudantes nessa modalidade, que pode ser encontrada também no formato híbrido, como acontece em países como os Estados Unidos e a Austrália.
É claro que o nosso desenvolvimento científico e tecnológico está na dependência do que se passa na seara educacional. Por isso urge trabalhar de forma decidida pelo seu aperfeiçoamento, com ênfase nos cuidados devidos aos cursos de pedagogia, que precisam ser vitalizados.
Um capítulo especial é devido ao ensino técnico. Somos partidários da formação de técnicos em nível intermediário, experiência já vivida em escolas do Rio de Janeiro, com especialização em estruturas navais. Por que não estender a iniciativa a outras áreas?