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Ensino à distância é uma boa opção

 
 
Dados do Censo da Educação Superior 2018, divulgados pelo Ministério da Educação, mostraram que a oferta de vagas na modalidade de ensino a distância (EAD) superou a presencial, pela primeira vez, pulando de 4,7 milhões, em 2017, para 7,1 milhões em 2018. No mesmo período, as vagas para os cursos presenciais chegaram a 6,3 milhões. Apesar do crescimento, a quantidade efetivamente atendida ainda é pequena, passou de 1.073.497 para 1.373.321 ingressantes. No segmento presencial ouve queda em relação a 2017, passando de 2.152.752 para 2.072.614. O problema é que normalmente o número de vagas preenchidas é bem menor que o número de vagas oferecidas. 
 
O levantamento revela também que 10,8% dos ingressantes no ensino superior, na rede pública, são da modalidade a distância. Na rede privada, as coisas mudam de figura: 45,7% optam por cursos de EAD e 54,3% por presenciais. Nas instituições particulares presenciais, 68% estudam no período noturno, enquanto nas federais há uma inversão: 69% estudam durante o dia. Celso Niskier, reitor do Centro Universitário Unicarioca, ficou feliz com o resultado, ao ver que uma modalidade de ampla aceitação mundial, e que permite a mesma qualidade do presencial, está se expandindo também no Brasil. Para ele, que também é presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), que representa 88% das instituições privadas que oferecem a modalidade, esse avanço vem acontecendo por motivos econômico-financeiros, mas também por uma mudança da sociedade, que passa a aceitar melhor a educação mediada por tecnologia, além do alcance das pequenas e médias cidades que a abertura de polos de EAD abrange.
 
A partir de 2015, quando o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) passou por ajustes em seu orçamento, fruto dos cortes do ajuste fiscal, fazendo com que o número de contratos caísse de 732.673, em 2014, para 82.892, em 2019. Com isso, a EAD se tornou uma boa opção, levando-se em conta que o preço médio das suas mensalidades é R$ 237,00, menor do que o das instituições presenciais (R$ 785,15). Esse crescimento acaba sendo positivo, pois permite um equilíbrio econômico, impedindo o surgimento de efeitos mais graves relacionados à queda ocorrida na modalidade presencial. Mesmo assim, analisando friamente os números, a EAD é responsável por apenas 30% das matrículas e a 11% do faturamento das instituições que ele representa.
 
Na opinião de Celso Niskier, o modelo do ensino superior precisa ser cada vez mais híbrido, com a combinação de presencial e EAD. E para que isso se torne realidade o mais breve possível, as instituições particulares de ensino superior vão precisar se adaptar. Hoje, a lei permite aos cursos presenciais até 40% de atividades à distância. Em contrapartida, os cursos de EAD podem dispor de  percentual máximo de 30% de lições presenciais. 
 
É preciso lembrar que os cursos de EAD também incluem, necessariamente, diversas tarefas presenciais, tais como estágios, avaliações e atuações em laboratórios científicos. Sem falar na missão do fim da graduação, quando os alunos devem se preparar para a defesa do trabalho de conclusão de curso (TCC), através de monografias, teses e/ou dissertações. Tudo caminhando tão bem nesta modalidade de ensino, que recentemente a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), fundação vinculada ao Ministério da Educação, autorizou cursos de pós-graduação stricto sensu à distância. 
Tribuna do Agreste, 24/02/2020