Pegou mal a reação de Regina Duarte. Como secretária de Cultura, seria de praxe que cumprimentasse a diretora do filme “Democracia em vertigem”, Petra Costa, pela indicação ao Oscar. Em vez disso, fez uma provocação irônica: postou na internet a foto antiga de uma manifestação pró-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. E a legenda: “Um Oscar pra você que foi pra rua derrubar o governo mais corrupto da história”.
É a segunda vez que, se deixando levar pelo viés ideológico, ela comete, digamos, uma descortesia. A primeira foi quando publicou uma montagem com as fotos de colegas que aprovavam sua nomeação para o cargo. Ela se esqueceu de pedir a indispensável autorização. Pior. Atribuiu a alguns não só o apoio a ela, como ao presidente. Fez isso, por exemplo, com Carolina Ferraz e Maitê Proença, que sempre lutaram pelo que este governo vive ameaçando: a liberdade de expressão.
Por isso, Carolina chegou a dar uma lição de moral na amiga: “Acho muito indelicado de sua parte. Gostaria, com todo o carinho, que (...) retirasse minha foto, por gentileza”. Maitê completou: “Eu também não gostei de ter sido usada em uma montagem que dá a entender o apoio a um governo que não aprovo. Regina se excedeu!”
Enquanto isso, a reverenda Jane Silva, que a secretária escolhera para sua adjunta, estava trabalhando para tomar o seu lugar. Nos bastidores da Secretaria, comentava-se que Regina demorou a perceber que a pastora procurava passar por cima da chefe nas atribuições da pasta.
Ela confessou em entrevista a Bela Megale que estava tentando emplacar como seu assessor o jornalista Sérgio Camargo, demitido da Fundação Palmares. Em conversa com o ministro Marcelo Álvaro Antônio, citou o trecho final, que Regina precisa ler para ver como as coisas são feitas na política, sem anestesia, a frio, sem contemplação.
O ministro, antes de desligar falou, como se fosse um detalhe esquecido: “Ah, Jane, mais uma coisa: vou te exonerar hoje”.