Gostamos de competir sempre com a Argentina. Há um setor em que sofremos há muito tempo: é o da ciência. O país vizinho tem a honra de contar com um Prêmio Nobel (Bernardo Houssay), o que jamais ocorreu ao Brasil. Como se diz no esporte, batemos na trave algumas vezes, com Josué de Castro, autor de “Geografia da Fome”, Jorge Amado e D. Helder Câmara. Não contaram com a simpatia do governo brasileiro.
Agora, o assunto volta à tona, com os desastres ambientais da Amazônia. Fala-se no nome do cacique Raoni, lembrado para o Nobel da Paz, que é dado na Noruega. É claro que as caneladas nesse país escandinavo estão longe de ajudar nessa conquista desejada, o mesmo podendo ser dito em relação à redução das verbas para os projetos de iniciação científica.
Mas temos outros caminhos, que passam pela medicina, física, química e matemática, onde há nomes notáveis em grandes instituições brasileiras, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Universidade de São Paulo, a Unicamp e a Universidade Federal de Pernambuco, para só ficar nessas. O tema foi lembrado numa reunião na Academia Brasileira de Letras, com a presença do cientista Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências. São mais do que justas as reivindicações feitas.
Há uma clareira aberta recentemente pelo intercâmbio Brasil-Israel. Lideranças empresariais e políticas de Santa Catarina, como lembrou o jornalista Henrique Bernardo Veltman, visitaram a jovem nação, deixando fincadas as bases de um sólido intercâmbio, a partir da Universidade de Tel Aviv, hoje a maior instituição de ensino superior de Israel, com mais de 30 mil alunos, além de um quadro altamente qualificado de cientistas. Foi uma iniciativa da Conib (Confederação Israelita do Brasil). O mesmo fez a ABMES (Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior), sob a liderança do reitor Celso Niskier (Unicarioca). Foram 30 reitores brasileiros a Israel, em busca do necessário intercâmbio. Deixaram assinados oito convênios com esse fim, de olho inclusive nas conquistas do Vale do Silício de Israel, onde há feitos de extraordinário valor para a humanidade. Temos outro dado positivo que é a existência há três anos do projeto Edupark, de que fazem parte a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e a Fundação Cesgranrio. Já foram exibidos nas escolas cariocas vários filmes israelenses (Planeta Casa, Dependentes da Vida e Livre para ser), todos em terceira dimensão, já assistidos com entusiasmo por 42.000 alunos. Iniciativas assim fazem a diferença.
Já imaginaram se dessa parceria, que envolve os afamados Instituto Weizmann de Ciências e o Technion de Haifa, surgisse a conquista de um Prêmio Nobel? A ideia é perfeitamente possível, no quadro dos entendimentos internacionais que envolvem o Brasil e Israel, inclusive se pensarmos nos 4 milhões de km2 da região amazônica, com seus problemas e desafios, como a existência de queimadas que cresceram mais de 111%, de 2013 a 2019. É um fato que merece a ação prioritária dos cientistas.
Querem o exemplo de um nicho promissor? É o caso da venda consumada de 36 caças Grippen suecos ao governo brasileiro. Prevê-se, a partir do ano próximo, uma intensa troca de tecnologia aeronáutica – e isso pode envolver a nossa Embraer e a Aeronautics Ltd. ou a Israel Aerospace Industries. Dará um Nobel?