A notícia que chega em meio a essa estranha campanha eleitoral preocupa. Ela informa que o Brasil está entre as seis nações onde houve recuo na democracia entre 2015 e 2017. O estudo, promovido pela Universidade de Gotemburgo, na Suécia, aponta 27 países sob ameaça de retrocesso, ou 2,5 bilhões de pessoas. Os “dez mais democráticos” são Noruega, Suécia, Estônia, Suíça, Dinamarca, Costa Rica, Finlândia, Austrália, Nova Zelândia e Portugal. Segundo o cientista político Tiago Fernandes, coordenador do trabalho no Sul da Europa, “a corrupção sistêmica destrói a democracia brasileira”, além do “colapso partidário que cria líderes populistas com inclinações de extrema direita”.
Se fosse feita aqui e agora, a pesquisa encontraria elementos no desempenho da chapa que está à frente das intenções de voto. Tanto o líder, o ex-capitão Bolsonaro, quanto seu vice, o general Hamilton Mourão, não conseguem esconder a nostalgia de métodos da ditadura, classificando como “herói” um militar já reconhecido pela Justiça como torturador. O general faz lembrar outro, o do golpe de 1964, aquele que confessava ser “uma vaca fardada” por não entender nada de política. O de 2018, por ser candidato a vice, acha que entende, embora seja chamado de “jumento de carga” por um adversário. Com o impedimento do presidenciável, ele assumiu tarefas que incluem palestras, entrevistas e debates, envolvendo-se em várias polêmicas.
Falou em “autogolpe” e chegou a sugerir intervenção militar como solução para a crise política. Em encontro numa loja maçônica, revelou que, quando olha certos fatos, diz: “Por que não vamos derrubar esse troço todo?”. Sua última declaração controvertida foi a de que famílias pobres “sem pai e avô, mas com mãe e avó, são fábricas de desajustados que fornecem mão de obra ao tráfico”. A exemplo da misoginia de seu líder, a culpa é da mulher.
Quanto a Bolsonaro, tenta ressuscitar a cédula de papel. Está cuspindo na urna eletrônica em que comeu por mais de 20 anos.