Romancista, poeta, ensaísta, crítico literário, antologista, professor universitário, filólogo, pesquisador, conferencista e promotor cultural, DOMICIO PROENÇA FILHO marca sua presença nas áreas da criação artística que se relaciona com a escrita e com a língua portuguesa. Citado, comentado e anotado por todo caderno e revista literária, sua inquietação o leva a percorrer, com rara consistência, os campos afins à atividade do escritor, sempre alcançando êxito em seus projetos literários. Por trás de todas essas máscaras, encontra-se apenas uma face: a de alguém que vive a intimidade e a estranheza da própria língua, e que quer, instigado pelos movimentos de abertura e fechamento, fazer de seu ofício a habitação e o exercício dessa íntima estranheza. E em seus trabalhos mais especificamente ligados à escrita, isto é, como ensaísta, crítico e poeta, seu tema primordial – ou sua personagem principal – é a linguagem em si mesma, em suas articulações enunciativas , e em seus desdobramentos históricos e, sobretudo, poéticos. ALBERTO PUCHEU E CAIO MEIRA.
SOBRE O CERCO AGRESTE – poemas
Este O cerco agreste é um fluxo contínuo, homogêneo. Parece um rio a correr. As duas imagens que ele nos sugere são a da pedra e a do rio, irresistivelmente. Poemas cabralinos e heraclitianos. Tudo aqui é fluxo, continuidade total. ANTONIO CARLOS VILAÇA
SOBRE DIONÍSIO ESFACELADO –QUILOMBO DOS PALMARES – poemas
O que assegura a ligação dos fragmentos que compõem essa suíte lírica - na qual a negritude ascende ao plano da história – é o permanente retorno de Palmares, como objeto de experiência pessoal e social, repensada e retomada pela memória (...) Em Dionísio esfacelado quilombos e quilombolas ingressam na vertente comemorativa do pensamento que recorda, da recordação que colige e recompõe as partes dispersas de uma origem remanente. Mais não será preciso dizer sobre a originalidade poética dessa obra. BENEDITO NUNES.
DOMICIO PROENÇA FILHO retoma o motivo condutor de Palmares e amplia as fronteiras da epopeia, fazendo-a remontar à ancestralidade africana dos quilombolas, nomeando-a, para convocá-la à existência. ZILÁ BERND
SOBRE O ORATÓRIO DOS INCONFIDENTES - poemas
O novo livro de Domicio Proença Filho – Oratório dos Inconfidentes ( As faces do verbo)- além de um belo trabalho artístico , histórico e literário, é, sobretudo, um cântico dos cânticos à liberdade. LETÍCIA MALARD
O Oratório dos Inconfidentes , de Domicio Proença Filho, se define como um primoroso objeto estético , “livro-arte”, em cuja remontagem a linguagem verbal e figurativa se harmonizam ,em interartística expressão , CAROLINA MAIA GOUVEIA.
Permanecendo poema, enquanto gênero, o Oratório dos Inconfidentes(Faces do verbo) também se constitui em livro-documento e em livro-arte, com a incomparável contribuição dos desenhos de Cândido Portinari. Assim, esta obra se torna fonte de pesquisa das mais autênticas para todos aqueles que à fantasia e ao sonho da palavra poética sentem necessidade de acrescentar os subsídios inarredáveis da História. MARIA ALICE BARROSO.
Belo exemplo de economia verbal, este Oratório caracteriza-se por ser uma música de sons puros, sem interferência dos harmônicos outrora tão do agrado da verbipotente musa nacional. WILTON CARDOSO.
Na direção deste belo livro de Domicio Proença Filho, posso, como leitor, estender meu gesto de várias maneiras: procurando o precioso objeto gráfico, em tudo cuidado na reprodução do painel de Portinari, já por si uma forç notável de edição; na procura da pesquisa histórico-factual, eficientíssima, enquanto tal e dotada, por acréscimo, de uma qualidade de prosa eu wuer ser informativa e sintética, vigorosa e apaixonada, ombreando com o texto poético em muitas ocasiões; tais poemas, em sua essência nuclear, objeto maior da realização toda e, finalmente, aos pontos de entrecruzamento dessas muitas narrativas entre si, duas a duas, em conjuntos complexos, que terminam por fornecer ao leitor um material por vários títulos farto, sério, elevado de alta qualidade. JORGE WANDERLEY.
SOBRE O RISCO DO JOGO -poemas
É uma poesia que não obedece a nenhuma escola nem a esta ou àquela norma fixa: : mas a tão saudável liberdade não provém de um desconhecimento dos múltiplos estilos poéticos que se sucederam na história da poesia em língua portuguesa. Pelo contrário: é da estreita familiaridade com todos os movimentos literários que nasce a poesia altamente culta de Domicio.
Lembro que Guimarães Rosa confessou que, em matéria de religiões, bebia de todas as fontes ... o nosso poeta poderá dizer o mesmo dos estilos poéticos que conhece a fundo. Há neste O risco do jogo verdadeiros exercícios de dicção , desde os ecos da antiga e sempre bela lírica trovadoresca até a modernidade perplexa de Fernando Pessoa, presença forte que atravessa o livro inteiro.
É na escavação dos veios essenciais de um poeta que poderemos reconhecer o seu pathos, e, mais intensamente, o seu ethos. Vejo na dialética do amor e desesperança, resistência e desistência, ingenuidade e suspicácia, certeza e dúvida, plenitude e esvaziamento, numa palavra, de sim e de não, a expressão da complexidade da palavra arriscada e lúdica de Domício Proença. ALFREDO BOSI.
Todo el libro de este poeta brasileño, O risco do jogo, es um diálogo, o si se quiere, un discurso fluido, que tom por origen las voces , los poemas de Pessoa, Salinas, Poe, Bandeira, Camões, Machado de Assis, Borges, Foucault, Parménides... La lista es larga, porque largo es el itinerário de la poesia e de la palabra escrita. Nada termina cuando parece completarse el poema, su final es apenas um comienzo. Domicio Proença lo sabe y acepta el juego. Su poética es la del lector que completa com su propia vida el aura del poema. Su lectura es, por tanto, creativa, ya que aporta nuevas imágenes, nuevas cadencias, nuevas ondas a esse fluido que somos , a esse linguaje interminable que, como um río, nos arrastra y nos conduce a lo largo de siglos y milenios.
El libro de Porença dialoga también com las realidades cotidianas y sociales, pues em su mente no solo resuena la voz de los poetas, sino también los hechos que que nos asaltan día a día, que nos aguardan em nuestra ciudad, em nuestra casa, : la soledad compartida, el combate diurno, la noche, el desamor y el reencuentro, la nostalgia, el amor, el poema como síntesis. ANTONIO MAURA
SOBRE AS BREVES ESTÓRIAS DE VERA CRUZ DAS ALMAS- mininarrativas
As Breves estórias de Vera Cruz das Almas , ou melhor, brevíssimas esróeias, constituem-se de pequenos quadros do cotidiano de uma cidade imaginária – Vera Cruz das Almas – e podem ser lidas como minicontos ou poemas curtos.
Essa leitura torna-se possível devido ao elevado grau do trabalho com a linguagem em seu despojamento e capacidade de síntese, de acerto na utilização da palavra exata para expressar situações vividas no dia a dia das nais curiosas personagens veracruzalmenses. Situações marcadas pelo humor, pela ironia, pelo jogo intertextual, pela paródia e principalmente pela construção de um discurso literário que se discute através dos limites fluidos entre o lírico e o épico, num contexto de pós-modernidade. LETÍCIA MALARD
SOBRE Capitu – memórias póstumas – romance
Domicio Proença Filho é um machadiano. Conhece-o como poucos. Sabe-o com devoção. Mas não é um machadólatra. E, por isso mesmo, seu teto é saboroso, bem urdido, num jogo de aproximação e distância do enigma Bentinho. Escrito com leveza e insinuações, com releituras realmente instigantes da Trama-Original, elaborando soluções e deslocamentos de primeira ordem. MARCO LUCCHESI