Leitores e telespectadores possuem afinidades que ultrapassam o gostar de um enredo e a torcida por um personagem. Também têm peculiaridades que vêm da história literária e influenciam a obra e o papel do autor. Este foi o cenário para a segunda edição do Seminário Brasil, brasis da Academia Brasileira de Letras que discutiu o tema Literatura e Televisão: do folhetim à novela.
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Com transmissão ao vivo pelo portal da ABL, os acadêmicos Nélida Piñon e Ivan Junqueira estiveram juntos com a escritora Marlyse Meyer, e os atores José Wilker e Beatriz Segall em um debate que foi merecedor de cenas dos próximos capítulos. O evento teve entrada franca.
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Conheça os debatedores
Marlyse Meyer
Doutora em Literatura Francesa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Professora do Instituto de Artes da Unicamp, onde focalizou História do Teatro e Commedia del'arte, e desenvolveu pesquisas sobre o popular em Literatura e Festas.
Ministrou cursos de pós-graduação em Literatura e Cultura Popular na FFCH- USP. Sua apresentação no Seminário Brasil, Brasis contará a história da criação de um novo gênero de ficção romanesca estreitamente ligado ao jornal, o "feuilleton-roman", que foi designado mais tarde por "roman-feuilleton", o romance-folhetim. Sucesso pela Europa inteira, atravessou o Atlântico e se espalhou pela América do Sul. Aqui, encontrou um solo de eleição, irmanado com o melodrama, gênero teatral também associado ao romance sentimental europeu que precedeu e abriu as portas (para uma mesma trajetória) ao romance-folhetim.
Marlyse irá focar, particularmente, a chegada e repercussão do recém-criado romance-folhetim no Brasil a partir de 1838 e a matriz do que é hoje a grande narrativa televisiva: a telenovela. Folhetim e telenovela se inserem na grande e universal contação de histórias que a humanidade parece não saber dispensar.
José Wilker
Ator e diretor brasileiro. Entre seus papéis mais marcantes no cinema estão "Tiradentes", no filme "Os Inconfidentes" (1972), "Vadinho", do recorde de bilheteria nos cinemas "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976), o político "Tenório Cavalcanti" de "O Homem da Capa Preta" (1986) e "Antônio Conselheiro", de "Guerra de Canudos" (1997).
Na minissérie JK interpretou Juscelino Kubitschek mais velho, quando se torna Presidente da República. Estreou nas novelas em 1973 com "Bandeira 2", de Dias Gomes na TV Globo, onde continuou e estrelou em 1999 "Suave Veneno" de "Aguinaldo Silva". Fez ainda "Roque Santeiro" (1985), de Dias Gomes e Aguinaldo Silva e "A Próxima Vítima" (1995), de Sílvio de Abreu. Entre 1997 e 2002, dirigiu boa parte dos episódios do Sai de Baixo, além de ter participado de um dos episódios do programa, em 1997.
Amante de cinema, (tem aproximadamente quatro mil fitas em casa) mostrou ao público essa faceta assinando uma coluna semanal sobre o assunto no Jornal do Brasil e fazendo comentários de filmes nos canais de TV por assinatura Telecine da Globosat. É também comentarista oficial da transmissão da premiação do Oscar da Rede Globo.
Beatriz Segall
Beatriz Toledo Segall nasceu no Rio de Janeiro é filha de Deborah Lago de Toledo Fonseca e Mario de Toledo Fonseca, ambos professores muito importantes do Rio. Eles dirigiam o Colégio Pio Americano e o Colege Lafayettte. Ali Beatriz estudou e mais tarde fez Faculdade de Filosofia.
Foi professora durante muito tempo sem jamais pensar em ser atriz ou estar ligada a teatro. Porém, quando tinha 5 ou 6 anos assistiu um balé e ficou fascinada. Chegando em casa desandou a dançar, achando aquilo uma coisa deliciosa. Ao assistir as pecinhas de fim de ano, dos colégios que os pais dirigiam, também ficava admirada.
Era uma moça culta. Sabia muito bem francês e foi nesta língua que participou de uma peça da "Aliança Francesa", no Rio de Janeiro. Depois foi convidada para fazer o filme "Beleza do diabo" que Beatriz diz ser um horror. Resolveu então fazer o "Curso Prático de Teatro". Logo conheceu o ator Sadi Cabral, homem inteligente, introdutor do Método Stanislawisky no Brasil. Foi indicada para um papel no "Teatro de Bolso", do Rio de Janeiro. E conheceu Henriette Maurineau, a grande diretora e atriz. Foi nessa época que começou a participar de pequenos seriados e teatros da TV Tupi do Rio de Janeiro.
Ganhou então uma bolsa do Governo Francês e passou um ano estudando em Paris. Lá conheceu Mauricio Segal com quem se casou. Foram morar em São Paulo e Beatriz sempre era convidada para a televisão e para o teatro.
Na TV Globo fez o papel de Odete Roitman, cuja morte se transformou numa cena antológica. Na emissora também fez a personagem "Celina", na novela "Dancing Days". Fez "Água Viva", "Vale Tudo", "Sol de Verão" e continuou sempre fazendo teatro que se tornou sua paixão. Continua em teatro como atriz e produtora. Recebeu vários prêmios na carreira como "Governador do Estado", "Prêmio Shell" e "Mambembe".
26/04/2007 - Atualizada em 25/04/2007