O governador de São Paulo Geraldo Alckmin telefona para garantir que não sairá do PSDB mesmo que não seja escolhido pelo partido como candidato à presidência da República. Mas ele tem uma exigência: que o candidato tucano seja escolhido através de prévias nacionais com os filiados. Ele garante que não existe possibilidade de a nova direção partidária, a ser escolhida em dezembro, seja qual for, decida sozinha o candidato do partido às eleições presidência de 2018.
“Quem define o candidato não é a direção nacional, mas as prévias”, afirma Geraldo Alckmin, que se compromete a respeitar o resultado mesmo que não seja ele o escolhido. “Fui fundador do PSDB em 1988, a sétima assinatura, não existe a hipótese de sair do partido para disputar a presidência por outro partido”, garante.
Com isso Alckmin pretende encerrar as especulações, feitas inclusive por mim, sobre uma possível saída do PSDB se o grupo do senador Aécio Neves mantiver a presidência do partido através da eleição do governador de Goiás Marconi Perillo em dezembro. A especulação é de que ele sairia candidato pelo PSB, partido de seu vice Marcelo França.
Alckmin não acredita que uma direção nacional eventualmente contrária à sua candidatura tenha condições de interferir na escolha do candidato do partido em uma eleição interna prévia: “Não existe esse perigo de uma prévia que não exprima a vontade majoritária do partido, serão centenas de delegados, talvez milhares, não existe possibilidade de manipulação”, analisa o governador de São Paulo.
No partido há uma divisão clara entre os queapoiam a candidatura de Geraldo Alckmin em 2018 e os partidários do senador Aécio Neves, que teriam preferência pelo próprio Perillo ou ainda o prefeito de São Paulo João Dória, em uma aliança com o PMDB de Temer. Essa possibilidade, por sinal, está provocando movimentações na base aliada de Temer.
O PP, por exemplo, está pressionando para que a reforma ministerial saia antes da convenção que vai escolher dia 20 de dezembro o novo presidente e a executiva nacional do PSDB. Não quer correr o risco de, saindo vencedor o grupo do senador Aécio Neves, os tucanos continuarem agarrados em seus ministérios, mesmo que em caráter pessoal.
Na convenção estadual que elegeu um aliado de Alckmin para dirigir o partido em São Paulo, gritos de “fora Aécio” foram ouvidos insistentemente, o que demonstra o antagonismo entre as duas correntes no momento.
A outra candidatura na disputa é a do senador Tarso Jereissati, que foi destituído por Aécio da presidência interina sob a alegação de que não poderia presidir a convenção, já que é parte interessada. Esse grupo, apoiado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tem como candidato natural o governador Geraldo Alckmin, lançado pelo ex-presidente tucano como nome de consenso também para presidir o partido.
Se essa sugestão fosse acolhida, estaria praticamente definida a candidatura à presidência da República. Até o momento, no entanto, não há possibilidade de acordo, sendo que também o senador Jereissati tem sido aventado como possível candidato à presidência. Existe ainda a candidatura já lançada do atual prefeito de Manaus Arthur Virgilio.
O governador de São Paulo acha que, havendo mais de um candidato a postos majoritários – senador, prefeito, governador e presidente da República – a escolha deve sair de prévias partidárias, como aconteceu na definição do candidato a prefeito de São Paulo, vencida por João Dória com o apoio de Alckmin, que acabou derrotando o prefeito Fernando Haddad no primeiro turno.
Alckmin acha que as prévias animam o partido e colaboram para dar vigor à candidatura vencedora, desde que os demais candidatos assumam o compromisso de apoiar o vencedor. Ele lembra que, nas eleições americanas, o número de postulantes à vaga de candidato à presidência da República sempre é muito alto no começo – chegaram, por exemplo, a 17 no Partido Republicano, antes da definição por Trump – e geralmente o vencedor consegue unir em torno de si a maioria partidária.